Da sua origem já não se tem memória. O mais próximo a que se chegou ao ratrear a sua proveniência foi um antepassado comum.
Este serviu de elo para a reconstrução da linhagem.
Houveram tempos difíceis, circunstâncias em que quase foram extintos. Mas um milagre os salvou, o milagre do orgulho.
O orgulho de quem adora ser adulado.
O orgulho de quem não se contenta com o poder, só com o poder. E, então, ressurgiram.
Renasceram por beneplácito dos senhores, donos de tudo e todos.
De vento em poupa, vão desfrutando dos bens do seu trabalho.
Diga-se, não são poucos bens. Para eles, este é o melhor trabalho.
Lógico, não pela dignidade, mas pelo ganho… Por que julgá-los? Afinal, cada um tem o direito de estabelecer preço ou valor à sua dignidade, vendê-la ou preservá-la. De geração a geração, a linhagem cresceu.
O cuidado com os casamentos é um dos mandamentos da família bajulina.
Ao casarem-se, a primeira coisa de que se certificam é a existência do sangue “julante”, que corre nas veias de um bajú puro, sem misturas.
Tendo o sangue jula circular nas artérias, tudo resto é apenas uma questão de tempo e submissão a actos jocosos e despudorados disfarçados de intelectualidade.
Entre eles há também concorrência.
Por exemplo, quem alcança o nível de actuação nos espaços de opinião pública, é considerado um bajú sénior, um senhor bajú, dá tudo no mesmo.
Premeditado ou acaso, são a estirpe a quem é confiada as rédeas do destino do país, juntando-se a casta dos Não Queremos Saber de Vocês, os detentores do poder, os bajulados.
Aqueles mais estes formam a corja que nos conduz.
O seu viveiro está plantado, volta e meia colhem-se os frutos, nas escolas, igrejas, administração pública, enfim. O nome da linhagem foi mudando com o tempo.
A primeira geração foi conhecida como os Bajuladores, a segunda Bajús, e, esta terceira são os Jús. Oxalá deixem de existir um dia!
A bajulação foi profissionalizada. Isso mesmo, é uma profissão, das mais queridas entre a juventude.
Feitos da casta bajulina. Porém, é uma profissão subentendida às outras.
Ou seja, um jú não tem uma carteira profissional de jú, mas, independentemente da profissão que exerça, se herdar o ADN da casta bajulina, passa automaticamente a manifestar-se nele a bajulação.
Assim, temos jús Governantes, Doutores, Professores, Ilustres, Magistrados, Deputados e jús que só respiram… A casta bajulina é a maldição das sociedades.
Ofuscam qualquer clarividência intelectual, racional.
Destroem a honestidade, matam a sinceridade, enterram a verdade.
Apostam fortemente na plantação e cultivo do orgulho, alimentam-no até darem frutos da arrogância e insensibilidade.
Os que se embebedam deste vil têm sempre fins difíceis e inglórios.
Entre os mais sabidos diz-se que uma das maiores virtudes de um homem ou mulher é prevenir-se da bajulação.
Os principais arautos da bajulação são a casta bajulina e sequazes.
Mas ela nasce do elogio exacerbado.
Nasce da recepção de glórias imerecidas.
Nasce da ambição desmedida.
Nasce da preservação do pão de forma desonesta. Nasce da ausência de competência.
Mas, acima de tudo, nasce do coração de homens e mulheres divorciados do sentido de humanismo e pertença a um destino comum entre os homens: “desfrutar da humanidade”, a nossa herança comum. A descrição da consciência da casta bajulina deixo-a para vocês.
Quanto a mim, quando me calei, falei.
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POR: ESTEVÃO CHILALA CASSOMA