A Independência chegou chegando, mexeu com tudo e com todos, era a realização de um sonho, a consumação de um ideal, o resgate da dignidade, o renascer da esperança, a certeza da construção de uma sociedade nova, de um amanhã melhor.
No dia 11 de Novembro de 1975, tinha eu pouco mais de 14 anos, como muitos mais novos, enquadrados na OPA, Organização de Pioneiros Angolanos, no Largo 4 de fevereiro, em Malanje, aguardamos ansiosamente pelo grande momento.
A euforia tomou conta da urbe. A cada esquina, a música de Gonzaga Guimarães Jr, se preferirem, Mirol, estava na moda, ouvia-se por tudo quanto fosse canto. “A independência está chegando e a terra já vai resplandecer, neste dia não vou mais chorar porque livre já serei, todo sofrimento acabará e a alegria me incidirá”, cantavam em uníssono milhares de almas angolanas.
Finalmente, a meia noite chegou, Agostinho Neto tomou a palavra, perante África e o Mundo ,proclamou a Independência de Angola, uma maré de alegria, uma gritaria sem precedentes, muitos assobios, entre choros e abraços, o delírio total.
O tempo passou, uma longa caminhada, 49 anos depois, aqui estamos, a reviver o passado, sempre vale a pena recordar tão gloriosa epopeia, uma data brilhante, verdadeiramente extraordinária que a memória registou e a história eterniza.
A Independência chegou chegando, carregando consigo valores morais fortes, um baluarte de profundas e robustas ideias que acendeu a chama patriótica, calou fundo em muitos corações identificados com os ideais da revolução.
A cada Novembro, renasce em mim um sentimento de nostalgia, qualquer coisa como, revisitar o passado, reviver o antigamente, um misto de boas e gratificantes recordações que não se apagam, nunca! De longe, para quem vivenciou a dipanda, é impossível esquecer, não sentir aquela sensação de pertença, a importância dos abraços, a alegria contagiante nas ruas, nos bairros, nas cidades, no antes e depois da sua proclamação, uma recordação bastante intensa e diversificada que faz a saudade bater à porta com razão, quase meio século depois.
A Independência chegou chegando, é orgulho nacional, palpita no coração dos bons cidadãos, o tempo não para, a cada dia que passa, nasce no horizonte um novo amanhã.
Por: João Rosa Santos