Parece consensual, a nível da própria opinião pública, a necessidade premente que existia de se averiguar o que se passava na formação dos novos efectivos do Serviço de Migração Estrangeiro.
Mais do que um simples travão, relativamente às razões avançadas, algumas das quais constituem autênticos atentados à segurança nacional, era imperioso que procurasse sanar os vícios para não só conferir lisura ao processo, como também deixar à disposição quadros verdadeiramente comprometidos com o próprio país.
A entrada em instituições como a Polícia Nacional, Serviço de Migração e Estrangeiros, Bombeiros, Serviços Prisionais tornou-se, nos últimos tempos, sobretudo, no escape de muitos jovens e outros para colmatarem a f de emprego que se vive no país, rondando hoje os cerca de 30 por cento.
Além de jovens, muitos dos quais comprometidos com os interesses do país, as fileiras destas e outras instituições têm sido preenchidas com a entrada igualmente de indivíduos cujos currículos em nada as engrandecem.
Embora, muitas das vezes, os critérios de acesso sejam vistos como quase fechados, por se desconhecerem muitos anúncios públicos que permitissem que cada um dos angolanos soubesse e concorresse, o secretismo tem feito com que se ‘habilitem’ até mesmo aqueles que possuem passados díspares aos defendidos por estes organismos.
É por isso que se fala de delinquentes ou até mesmo estrangeiros que, ainda assim, talvez a troco de valores ou outros expedientes, não se sintam coibidos de também poderem um dia usar a farda de uma das áreas afectas ao Ministério do Interior e outras Vezes há em que vimos – e lemos – acções violentas e criminosas perpetradas por efectivos de órgãos castrenses ou paramilitares, que levam a reflectir não só sobre a formação que estes terão tido, mas sobretudo sobre os caminhos que terão percorrido antes de ingressarem.
E é contra estes males que a sociedade, quase que em uníssono, se reviu nas medidas tomadas, embora existam aqueles que saíram à defesa, como se a ilegalidade e a segurança do país não fossem matérias que devessem merecer reprovação caso estivessem sob perigo.
Escreveu um dia o saudoso David Mestre, um dos grandes expoentes da literatura angolana, que ‘nem tudo é poesia’. Embora fosse o título da sua obra, o também jornalista, certamente, se quis distanciar do que era apresentado, sobretudo no género literário visto por muitos co fácil, mas na realidade bastante complexo, dada a sua profundidade.
Nos tempos que correm, convinha que não se visse igualmente todas as acções como se fossem apenas políticas.
Por exemplo, o travão na formação dos novos efectivos do SME , cujo recadastramento deverá arrancar já nos próximos dias, passou para o campo político, menosprezandose, pelos vistos, as razões de fundo que concorreram para a decisão inicia Mesmo que num passado se tenha visto de soslaio o que ocorria, incluindo a entrada de candidatos que se podem configurar como indesejados, há um tempo em que se deve, embora doa a alguns, regressar à normalidade, independentemente das consequências. interesse nacional é que deve prevalecer acima de supostas simpatias políticas que se podem colher temporariamente ao defender o que está errado.