Quem dera se tivéssemos no país uma agenda de consenso ou um documento em que nos pudéssemos comprometer em relação ao futuro do país. Depois do fim da guerra, o MPLA propôs aos então responsáveis do maior partido da oposição um modelo, a que chamou agenda de consenso, mas acabou chumbado porque muitos dos seus responsáveis na diáspora, sobretudo, se manifestaram contrários.
Há pouco tempo, principalmente, numa fase em que aumentava a contestação social no país, com manifestações à mistura e outras ameaças de círculos da sociedade civil, foi a vez da UNITA propor um documento, acabando também por ser rejeitado pelos “camaradas”. A verdade é que o país vai precisando de uma bússola. Algumas linhas ou directrizes capazes de criar entre nós um sentimento de compromisso nacional em que todos se pudessem rever.
É que, aos poucos, até distante dos círculos políticos, se vai notando, igualmente, um antagonismo preocupante, procurando-se quase sempre desfazer os esforços que vão sendo feitos pelas autoridades em determinados domínios da vida económica e social. A indicação de Angola pela CNN Travel como um dos destinos para se visitar em 2024 é uma informação que deveria agradar a todos, independentemente dos problemas ainda existentes.
É verdade que ainda existem estradas por se reconstruir. Não há dúvidas. Faltam infra-estruturas de outras índoles noutros pontos, assim como hotéis, pousadas e outros estabelecimentos. Porém, são factos que deveriam ser vistos por muitos como oportunidades, que aos poucos vão sendo supridas por investidores estrangeiros que melhor vão explorando as oportunidades existentes pelo país. Infelizmente, à moda angolana surgiram os que preferiram contrapor dizendo que a inclusão do nosso país se circunscreve, unicamente, numa operação de marketing paga.
E se for, qual é o problema? À semelhança do que acontece com as empresas, desde as mais pequenas às maiores, os governos também investem largos milhares de dólares na promoção das suas potencialidades. Basta ver a agressividade com que muitos países, incluindo aqueles que muitos pisam nas suas férias, o fazem, acabando este investimento por ter retorno com a entrada de turistas, receitas para os hotéis, restaurantes, fornecedores de produtos e ao próprio Estado, que os transfere posteriormente através de serviços e investimentos aos seus habitantes. Angola não é um país diferente.
O seu desenvolvimento dependerá também de um circuito que precisa de melhorar a cada dia que passa, sendo cada um dos cidadãos actores directos e indirectos, desde que estejam comprometidos e cientes do papel que devem jogar. Afinal, os turistas que entram e saem, os investidores e até curiosos acabam por beneficiar de muitos daqueles que se mostram descomprometidos com o interesse nacional.