O serviço de catador de lixo, como ferro, plásticos e papel, tem sido o refúgio de muitos pais para a arrecadação de receita que ajudam a minimizar as necessidades diárias das famílias
O processo envolve muitas áreas, na medida em que começa nos bairros, com os pontos de captação de resíduos sólidos, onde se pesa todo material desde ferro, bidons, latas, papelão, plástico, e os interessados recebem um dinheiro pela entrega.
Deste modo, os camionistas são contratados para fazer chegar os restos até à fábrica de metalúrgica. Os donos dos pontos de recolha, por sua vez, vendem o seu lixo para empresários ou fornecedores que têm autorização para tal.
João Tecas, de 21 anos de idade, é catador de ferro há mais de dois anos e, por dia, consegue juntar pelo menos cinco mil kwanzas só vendendo o lixo que pode ser reaproveitado. Vive no município de Viana e com o dinheiro que arrecada ajuda a avó, que cuida de dois irmãos, nas despesas de casa.
“O ferro é pago por quilo e varia de acordo com o seu tamanho, os mais pequenos pagam 100 kwanzas e os maiores 150”, referiu. No ponto de venda, quem aparece é o camionista Pedro Joaquim, de 68 anos de idade, que tem a missão de transportar o lixo que é recolhido no seu bairro e levar para a fábrica de metal em Viana. Para transportar o material, cobra até 60 mil kwanzas aos revendedores.
Fez saber que, tendo em conta a situação económica e social do país, o que ganha não é suficiente, procura se remediar para não faltar o pão em casa para a família. “Eu vivo no Golf II, o material é recolhido e trazemos na fábrica em Viana”, disse.
Cada tonelada de ferro é comprada a 165 mil kwanzas
Um dos fornecedores de lixo para a fábrica de metal, António Muanza, referiu que tem vários clientes responsáveis dos pontos de recolha de lixo nos bairros, como na Engevia, Viana Sanzala, entre outros.
António Muanza esclareceu que tem um documento autorizado, que lhe permite vender o seu produto à fábrica de metais. Os clientes do bairro não têm contrato com a fábrica, pois o carro para descarregar o material é necessário ter um documento. “A cada tonelada de ferro, a fábrica paga 165 mil kwanzas.
O carro passa na balança, é dada a factura e pode sair em cada camião quatro ou mais toneladas”, disse. Por sua vez, o gerente de um dos pontos de recolha de resíduos sólidos, Marcos de Jesus, referiu que recebe mais de cem toneladas de todo tipo de resíduos sólidos por mês, desde plástico, papelão, vidro, latas, ferros, entre outros.
“Para cada quilo de bidon pequeno de plástico, esferovite, sacos, pagamos 50 kwanzas. Bidon grande de lixívia, 200 kz, ferro 100 kz, caixas de gasosa e papelão 100 kz, respectivamente”, manifestou.
O local que está cheio de bidons de plástico e outras peças é resultado da colheita vinda de vários pontos, e para os interessados que têm um produto de elevada quantidade, normalmente disponibilizam um transporte para ir à busca do produto.
O jovem, que trabalha naquele local há mais de três anos, referiu que recebe um salário de trinta mil kwanzas, que acha pouco para cobrir as necessidades da sua família, composta por seis membros.