A dificuldade de muitos pais em conseguir a vacina para o seu filho, por conta de uma ruptura no stock de algumas unidades hospitalares públicas do país, levou a que muitos recorressem às clínicas privadas. Os relatos de que as vacinas, que a princípio deviam ser administradas gratuitamente levou a que o jornal OPAÍS fizesse uma ronda em algumas das clínicas da cidade de Luanda.
Na Clínica Vida, por exemplo, no Maculusso, distrito urbano da Maianga, recebemos a informação de que as vacinas do plano nacional de vacinação praticamente não são cobradas, mas os pais devem pagar apenas a taxa de aplicação, para as injectáveis, que custa 4.707 kwanzas e as dadas por via oral, como a de vitamina A, pólio e rotavírus os interessados devem desembolsar 3.639 kwanzas.
No município de Talatona, na clínica Centro Vita, uma fonte que preferiu não se identificar, também confirmou que as vacinas que constam do cartão das crianças são enviadas pelo Estado e não devem ser pagas.
“Nas instituições privadas não se cobra pela vacina como tal, mas apenas uma taxa de aplicação. Para os pais interessados pagam pela aplicação injectável, 3.341 kz, e a oral um total de 2.200 kz”, disse. Ainda no Talatona, na clínica General Katondo, encontramos apenas disponível uma ampola da vacina BCG, que pode sevir para 20 crianças, é aplicada na Sexta-feira, e os pais interessa- dos deverão fazer uma marcação e efectuar o pagamento de 3.786 kwanzas, para a aplicação.
A da febre-amarela estará disponível na Quarta-feira, também a administrar sob os critérios acima mencionados. Assim sendo, nesta clínica é descartada qualquer possibilidade de pagamento para as administradas de forma oral. Outra clínica que apenas cobra uma taxa para as injectáveis, neste caso 2.124 kwanzas, é a Unisaúde. O produto também é distribuído nas Quartas e Sextas-feiras, no período das 08 às 11 horas.
A vacina deve ser 100% gratuita
As vacinas que constam do caderno de saúde materno infantil são gratuitas e o Estado coloca à disposição, em todas unidades sanitárias públicas e privadas, segundo Felismina Neto. Entrevistada pelo jornal OPAÍS, a coordenadora do PAV disse que se, por ventura, uma mãe levar o seu filho ao hospital ou clínica, e lhe for cobrado um centavo que seja pela vacina, deve denunciar e as medidas serão tomadas contra os infractores.
“Não devem ser cobradas nenhum centavo. Não há taxa de aplicação, porque nós colocamos tudo, nos hospitais e nas clínicas, inclusive seringas. O material necessário para a aplicação da vacina é todo nosso, a única coisa que nós vamos utilizar deles é o recurso humano (o profissional que vai administrar a vacina).
Portanto, deve ser gratuita cem por cento”, esclareceu a responsável. Fez saber que estes produtos são adquiridos pelo Estado, com a ajuda dos parceiros como a Organização Mundial da Saúde, o UNICEF e o Banco Mundial, logo são dadas gratuitamente, ninguém pode cobrar um centavo que seja, e as mães e a população em geral devem ganhar a coragem de denunciar, sempre que registarem essa cobrança.
Por sua vez, a responsável reconheceu que existem outras vacinas que não fazem parte do sistema do calendário de rotina, que neste caso, sim, pode ser cobrada, porque as instituições privadas compram e devem ter o retorno daquilo que foi investido na aquisição do produto.
Vacina de rotina com reforço de stock
De acordo com Felismina Neto, no dia 21 de Maio do corrente ano, todos os departamentos da direcção municipal da saúde estiveram no depósito provincial para o levantamento das vacinas de rotina, como a BCG, pólio oral, Hepatite B, pentavalente, vitamina A, sarampo, entre outras. Só a vacina de rotavírus é que chega no dia 29 do mês em curso
A coordenadora reconheceu que tiveram ruptura de algumas vacinas nos hospitais públicos da capital, por mais de uma semana, mas já receberam um reforço do produto, que estão a ser distribuídos às direcções de saúde a nível dos municípios. Da mesma forma, estas direcções estão a ser orientadas a fazer chegar às unidades sanitárias.
“A vacina é importante na medida em que representa uma das estratégias mais seguras de proteger a criança de doenças. Até as doenças que não são previníveis pela vacinação, mas se a criança estiver completamente vacinada, o peso da doença minimiza consideravelmente o risco de agravamento/morte”, esclareceu.
A responsável reconheceu que os dias de ruptura causou transtorno a muitas famílias, mas de momento já está reposta a situação. Considera como medida de extrema importância o reforço das campanhas adicionais, bem como a vacinação de rotina, e indispensável que haja um cumprimento rigoroso com relação a isso.
“Um sistema de saúde seguro é quando o Estado investe na vacinação, Angola tem um sistema de vacinação rico, embora tenhamos erradicado a poliemielíte selvagem em 2011 no país, e em 2010 em Luanda, nunca foi retirada nenhuma vacina do sistema e, muito pelo contrário, estamos sempre a introduzir novas vacinas”, defendeu.
No caderno materno infantil constam as vacinas necessárias para o reforço da imunidade das crianças, onde ao nascer é administrada a dose zero da pó- lio, BCG e Hepatite B. Aos dois meses, a primeira dose da pólio, pentavalente, pneumo e rotavírus. A partir do quarto mês é dada a segunda dose da pólio, pentavalente , pneumo e rotavírus, respectivamente.
No sexto mês, segue-se com a aplicação da terceira dose da pólio, pentavalente, pneumo e vitamina A; no nono mês, primeira dose de sarampo, febre- amarela (dose única) e segunda dose de vitamina A. E aos 15 meses, a segunda dose do sarampo.
Pólio vírus encontrado no Sequele com vínculo epidemiológico da RDC
Em Janeiro do corrente ano foi isolada a pólio vírus, que tem vínculo epidemiológico com a RDC, no município de Cacuaco, na localidade do Sequele no meio ambiente, não em humanos. Admitindo que se o vírus está no meio ambiente há risco de afectar as crianças.
“ Por esta razão é que devemos proteger as crianças com a vacina para evitar a transmissão do ambiente para o ser humano”, avançou. Por esta razão, está-se a vacinar contra a pólio.
A República Democrática do Congo, que tem surtos epidémicos de grande magnitude, relativamente à poliomelite, os micro organismos, vírus, acompanham a dinâmica e a movimentação de pessoas e bens, de um ponto para o outro.
A responsável garantiu que não existe nenhuma ameaça de contágio, e com o objectivo de proteger e reforçar a imunidade dos menores, será realizada a segunda fase da campanha de poliomelite, a decorrer de 28 a 30 de Junho.