Os propalados projectos de separação, depósito e recolha de lixo é a situação que o ambientalista aponta como resolução com duas faces, por causa das modalidades da sua efectivação
João Buaio alertou aos criadores de projectos do género para criarem condições adequadas nos locais de concentração de resíduos sólidos, de modo que os mesmos não se tornem em lugares que vão disseminar mais problemas ambientais.
“Sempre que há um projecto vocacionado para a recolha e selecção do lixo, é de louvar, porque alguma coisa está a ser feita, mas é preciso que, nestes recintos, onde se cria reserva para colheitas, se calcule a quantidade de lixo que se quer receber, por hora ou por dia, e qual é o tratamento prévio que eles vão ter com os resíduos”, disse o especialista em matérias de ambiente.
Ele não duvida que haja consciência de que o lixo está sempre associado a problemas de saneamento. Entretanto, adianta que, a fazerem-se esses projectos, é aconselhável que se siga aquilo que são os requisitos, fazendo tudo com qualidade e que haja meios suficientes para não se criarem mais problemas.
“A ser considerável a quantidade de contentores para recolha e selecção, há necessidade desses depositários estarem afastados da população, por causa de outros impactos ambientais, porque o próprio lixo está relacionado ao aparecimento de vectores transmissores de doença”, explicou o técnico.
Segundo ele, há casos de sítios escolhidos como depositários que envolvem serviços de restauração onde não é aconselhável para se colocar grande quantidade de lixo, porque se estaria numa grande contradição, já que o sítio on- de as pessoas iam recorrer para se restaurar seria o mesmo onde as elas iam depositar o lixo. “Mesmo que estiver bem posicionado, na altura de se colocar o lixo, terá de abrir-se o contentor, o que vai libertar mau cheiro, uma quantidade de enxofre, que ao ser inalado, causa problemas de saúde”, esclareceu o ambientalista, tendo realçado que, se for em quantidade reduzida, impacto não vai ser o mesmo.
Outro problema que se pode levantar é o facto de o Executivo angolano pensar em sítios para co- locar o lixo, focando-se muito para a urbe ou cidade, mesmo ciente de que a quantidade expressiva de lixo é produzido na periferia. O ambientalista arriscou a dizer que quase nunca se encontra espaço para o devido depósito. “Se fosse para fazer um levantamento, ao nível de todas as administrações, vamos dar por conta que a maioria carece de espaços para se colocar o lixo”, sublinhou João Buaio, para quem esses problemas têm de orientar os cidadãos a pensarem em investimento. Para si, o que se nota é que as administrações não têm investi- do o suficiente nesse quesito.
Educação dos cidadãos
Quanto à urgência de uma educação ambiental actuante, pensa que deve inter- vir a sociedade, de uma maneira geral e todos os actores sociais, que, em princípio, devem participar nisso. De acordo com João Buaio, o Estado continua a ter uma quotaparte nas políticas indutivas, porque é o órgão que vai gerir isso tudo e vai criar programas ou políticas.
“Então, vamos chamar a sua responsabilidade no quesito da educação ambiental, para depois apelar por aquilo que é a intervenção de cada indivíduo, das associações, as escolas e da igreja, por exemplo”, frisou o ambientalista.
Neste capítulo, ele lamenta pelo facto de os currículos escolares não contemplarem, de forma directa, subsídios científicos ou mesmo disciplinas que tratam do fenómeno ambiental, adaptados à realidade dos alunos.