Por falta de emprego, a maior parte dos residentes do referido bairro, no distrito do Mussulo, município do Talatona, em Luanda, dedicava-se a captura, processamento e venda de peixe, mas com os preços praticado actualmente essa população vê aumentadas as suas necessidades diárias
Os moradores do bairro do Tapo, localizado na costa litoral Sul, na entrada terrestre do Mussulo clamam por apoio alimentar.
Segundo eles, desde que, há três meses, começou a verificar-se a subida do custo dos produtos alimentares, a actividade que mais rendia sustento diário às famílias do Tapo ficou comprometida, porque o preço do pescado também alterou.
“A nossa comunidade, por estar a beira-mar e sobretudo a caminho do Buraco, um bairro pesqueiro de grandes proporções, tanto nós, os homens, quanto as mulheres e até mesmo algumas crianças, dedicávamos mais à venda do pescado” explicou Joaquim António Figueira de 73 anos de idade, que se afirma como o mais velho e mais antigo morador desse subúrbio costeiro.
Valendo-se do facto de ter sido o primeiro coordenador do bairro, Velho Figueira, como é carinhosamente chamado por vizinhos, amigos e conhecidos lembrou que os habitantes do Tapo sempre passaram por dificuldades para adquirir produtos alimentares, vestuário e utensílios ou mobílias para casa.
“Mas, anteriormente, era porque estávamos muito distante do Benfica e do Ramiro e por não havia transporte público, no troço da Estrada Número 100 (EN-100), que nos liga para as outras localidades”, referiu Joaquim Figueira, para quem, hoje, a disposição de autocarros públicos no trajecto Benfica-Barra do Kwanza ou Cabo Ledo trouxe tranquilidade no capítulo das deslocações.
Pelo que conta, no bairro que escolheu para viver, na década de oitenta, não há uma família sequer que consegue fazer três refeições por dia e, cada dia que passa, a possibilidade de manter pelo menos uma vai-se tornando muito difícil.
O ancião louva a entrada em cena da classe feminina na arte da cestaria, considerada pelos moradores como a principal actividade de sustento da maioria das famílias.
“Eu agradeço a minha esposa que consegue vender alguns cestos, chapéus, vasos e abanos, por semana, e com o dinheiro tira uma parte para comprar comida e outra para reforçar o negócio”, detalhou o Velho Figueira, tendo referido que, por causa da necessidade, as mais velhas do bairro estão a ensinar a arte da cestaria às adolescentes e jovens, a fim de ajudarem na manufactura.
As dificuldades dos habitantes começam pela falta de água potável e pelos moldes da sua aquisição. Quando aparece alguém a vender o líquido vital, no bairro, fálo a cem Kwanzas por cada bidão de 20 litros.
“Felizmente, não nos falta o sal, por causa da salina ao lado, onde, algumas vezes, m u i t o s m o r a – d o r e s do tapo são chamados a prestar serviços, a troco de mais de 50 quilogramas, por semana.
Mas falta de tudo um pouco, óleo, arroz, farinha de milho ou de bombó, açúcar, feijão e sabão”, referiu o idoso, realçando que nem sequer há, na localidade, sítio para os adquirir.