Evidencia-se, em grande escala, o número de pessoas que utilizam as redes sociais e, consequentemente, a sua relação ínfima com a comunicação escrita.
Ademais, o acentuado desenvolvimento tecnológico que se tem verificado ao longo das últimas décadas vem alterando a vida do homem em todas as suas dimensões.
Esse desenvolvimento acaba por ter repercussões profundas na forma como os seres humanos comunicam entre si, mormente no uso da linguagem verbal.
A alienação dos usuários das redes sociais com a escrita, nos dias actuais e nas suas interacções, tem levado a crescente importância dos áudios e das imagens, desempenhando, em variados contextos, funções inerentes à linguagem verbal, particularmente na sua forma de escrita.
A par do desenvolvimento destas novas tecnologias de natureza audiovisual, a escrita, conforme Castro (1995), continua a ocupar o lugar primordial sobretudo nos livros /manuais escolares, bem como em diferentes situações de comunicação, recorrendose à sua peculiaridade na produção textual.
Muitos dos usuários das redes sociais se abstêm da escrita porque a referida actividade cognitiva pressupõe uma prática sistemática e costumeira, por estar relacionada com os outros domínios de interacção verbal, nomeadamente com a oralidade e a leitura, e pela identificação do conhecimento gramatical que implícita ou explicitamente está implicado nas competências desta técnica que se consolida de modo continuado.
Em contrapartida, o hábito de leitura, de acordo com Krashen (1984), constitui um dosmais importantes factores de desenvolvimento da capacidade de escrever, o que seexplica por uma progressiva consciencialização do modo como a linguagem escrita funciona.
Nesse âmbito, apenas aqueles que têm o hábito de leitura conseguem desenvolver as suas capacidades de escrita em diferentes situações comunicativas, o que implica uma maior explicitação.
Pelo que se constata, os usuários têm encarado as redes sociais como meios de comunicação em que deve haver brevidade nas suas interecções, daí a frequência dos áudios e imagens, colocando em causa o domínio da escrita.
Ainda, a actividade escrevente não pode ser associada a um bicho-de-sete-cabeças, pese embora requeira o do mínio efectivo de técnicas e estratégias rigorosas.
Além disso, o acto de escrita deve ser compreendido como uma actividade social condicionado por um contexto social e cultural em que ocorre.
A escrita, assim como a interacção por meio de áudios, pressupõe aorganização das ideias, a sua selecção e hierarquização lógica para o seu entendimento por parte do receptor, por isso que não se deve distanciar da linguagem escrita, própria de uma comunicação à distância, obedece a regras e apresenta-se mais pensada, cuidada e trabalhada, em detrimento da linguagem oral, característica de uma comunicação imediata, com a adequação constante aos ouvintes.
No entanto, a comunicação por meio da escrita deve ser vista como uma das formas de desenvolvimento da actividade cognitiva dos usuários das redes sociais e um meio fundamental para a construção de textos diversos e com funções distintas, aprimorando, assim, as suas competências compositivas em contextos formais e informais, como forma de reduzir o artificialismo em situações de produção de escrita.
Por: Feliciano António de Castro
Professor de Língua Portuguesa