OPaís
Ouça Rádio+
Qua, 3 Dez 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouça Rádio+
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

Paradoxo da abundância, bênção ou maldição!?!

Jornal Opais por Jornal Opais
23 de Agosto, 2024
Em Opinião

Faço parte do grupo de economistas que encara com alguma desconfiança a relevância do Produto Interno Bruto (PIB) enquanto principal indicador de mensuração da pujança do crescimento da economia de um país.

Poderão também interessar-lhe...

Qual é a função do editorial numa publicação jornalística?

Guiné-Bissau: um olhar 13 anos depois

As pessoas não gostam das lamentações dos seus “heróis”

Por se tratar do valor económico de todos os bens e serviços produzidos durante um ano e sem olhar para o facto de que os meios de produção em causa (empresas e/ou capital) são necessariamente propriedades de agentes económicos nacionais ou não.

Deste modo, sou apologista que em muitos casos, principalmente nos países emergentes ou em vias de desenvolvimento e especialmente naqueles em que a economia assenta essencialmente na exploração e exportação de recursos naturais (como é o caso de Angola), nem sempre o registo de altas taxas de crescimento do PIB se traduzem necessariamente em crescimento económico efectivo do país, o que se justifica pelo facto de no PIB não se deduzir o valor correspondente dos activos, cuja propriedade é pertença de agentes económicos estrangeiros.

No sector petrolífero, por exemplo, que tem sido durante decadas o principal pilar da economia angolana, por se tratar de uma área bastante intensa em tecnologia (knowhow acumulado) e capital (altos níveis de investimento e mãode-obra altamente qualificada), dois pontos os quais o país ainda enfrenta significativas limitações, sendo o mesmo dominado por empresas estrangeiras, que aliada ao infeliz facto de a nossa SONANGOL, por razões obvias (objectiva e subjectivas, sobejamente conhecidas), não ter desenvolvido suficientemente as necessárias competências técnicas, nem tão pouco ter criado uma verdadeira “almofada” financeira capaz de garantir a sua capacidade de investimento e autonomia, tal como se tem verificado noutras geografias (Saudi Aramco, na Árabia Saudita).

As elevadas receitas geradas tanto pela subida dos preços (quase sempre superiores ao valor de referência definido pelo governo angolano aquando da eleboração do OGE), quanto pela elevada procura internacional (em consequência do crescimento da actividade económica internacional e/ ou das tensões geopolíticas internacionais), não se traduziu necessariamente num aumento da riqueza efectiva do país em igual magnitude, uma vez que o país somente fica com perto de 15% de todo o petróleo explorado, bem como com o valor dos “royalties” e dos impostos petrolíferos (que têm sido o verdadeiro o carro-chefe das nossas receitas públicas).

Dito de ouro modo, é importante percebermos que da riqueza efectivamente gerada no sector petrolífero angolano, o país fica tão simplesmente com as “unhas do leão”, ao passo que a “carne” e até mesmo os “ossos” acabam por beneficiar a economia e os cidadãos dos países de origem, assim como das empresas petrolíferas que operam em Angola.

Assim, nasce a questão que não se quer calar: a abundância de riqueza natural em Angola versus o reflexo do seu impacto na qualidade de vida dos seus cidadãos, coloca ou não o país diante da “maldição dos recursos naturais?” O paradoxo da abundância ou teoria da maldição dos recursos naturais, assenta no facto de existir nos países exportadores de recursos naturais maior probabilidade de ocorrência de efeitos sociais negativos (tal como o autoritarismo, corrupção, rent seeking e o baixo desempenho económico), resultante tanto de insuficiências macroeconómicas quanto da ausência de instituições sólidas.

Não obstante o debate em torno do paradoxo da abundância absorver significativa atenção da Ciência Política, nos EUA e nas principais organizações internacionais, o mesmo ainda ocupa um espaço bastante irrisório no debate público africano, onde se verifica que muitos países ainda enfrentam um elevado nível de dependência económica face aos recursos naturais, consolidando a tese da maldição dos recursos.

Apesar do paradoxo da abundância apresentar assinaláveis dificuldades, com países como Angola a debaterem-se com inúmeros desafios económicos e sociais, não é inevitável.

E tanto as conclusões de Robinson et al (2005), Collier (2007), Collier e Laroche (2015) e Armand et al (2020) quanto aos exemplos bem-sucedidos do Botswana e da Malásia, por exemplo, permitem-nos identificar estratégias que concorram positivamente para uma correcta e eficaz gestão dos recursos naturais de Angola (em particular) e de África (em geral), tornando-os em verdadeiras bênçãos para os países que os detêm e não em maldição, destacando-se entre elas as seguintes:

Melhorar a transparência e disseminação da informação: a disseminação de informação relacionada à gestão dos recursos concorre para o reforço da mobilização dos cidadãos, redução de tensões e conflitos sociais, diminuição da apropriação por parte de elites e da motivação do lucro; Reforçar as instituições: a construção de instituições sólidas, transparentes e responsáveis desempenha um papel crucial na eficácia da gestão dos recursos (incluindo o aprimoramento das estruturas de governança e do enquadramento legal); Introdução de um quadro de gestão abrangente: considerar uma abordagem abrangente para a gestão de recursos que inclua procedimentos justos para a descoberta e a contratação de recursos, priorize infraestruturas com benefícios públicos na exploração, introduza sistemas tributários transparentes e invista as receitas dos recursos no sector público e privado (visando uma autêntica diversificação económica).

 

Por: WILSON NEVES

Jornal Opais

Jornal Opais

Recomendado Para Si

Qual é a função do editorial numa publicação jornalística?

por Jornal OPaís
2 de Dezembro, 2025

O filósofo e político romano Cícero escreveu há mais de dois mil anos que “desconhecer a história é permanecer criança...

Ler maisDetails

Guiné-Bissau: um olhar 13 anos depois

por Jornal OPaís
2 de Dezembro, 2025

Passados 13 anos, a Guiné-Bissau voltou a estar mergulhada em mais um novo golpe de Estado, após o que ocorreu...

Ler maisDetails

As pessoas não gostam das lamentações dos seus “heróis”

por Jornal OPaís
2 de Dezembro, 2025

Tenho estado a reflectir sobre o peso da responsabilidade de quem todos os dias lhe cabe a missão de ser...

Ler maisDetails

Bebo para esquecer

por Jornal OPaís
2 de Dezembro, 2025

Há dores que pesam mais do que o corpo aguenta, feridas que parecem não fechar e silêncios que gritam tão...

Ler maisDetails

Angola conta com uma rede com mais de 30 mil km de fibra terrestre

2 de Dezembro, 2025
DR

Tribunal Constitucional reconhece Congresso Constitutivo do PRA-JÁ Servir Angola

2 de Dezembro, 2025

Huíla alberga esta semana encontro técnico do Projecto Njila

2 de Dezembro, 2025

Téte antónio defende financiamento sustentável e maior coordenação africana para a paz no continente

2 de Dezembro, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouça Rádio+

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.