A América sempre será tida como uma terra de excentricidades. Ao olhar-se para algumas estrelas do cinema e da música, tem-se a mínima noção da forma exagerada como muitos deles se apresentam.
Com fios de ouro, prata e outros adereços que realçam a suposta condição financeira – ou hipotética – em que se encontram. Em África, acredito, os nossos irmãos nigerianos rivalizam de alguma forma com os congoleses democráticos.
É banga que nunca mais acaba. Em muitos casos, para alguns destes, parece se tratar de uma forma de ser e estar em sociedade, caminhando para um aspecto quase que cultural, a julgar pelo modo como se fazem representar ou apresentar. Angola também tem as suas excentricidades.
E várias. Porém, ainda assim, noves fora os rappers, são poucas as figuras públicas que se exibem exageradamente com fios de ouro, uns no pescoço, tornozeleira e as mascotes. Pode-se aqui acrescer as perucas, unhas postiças exageradas e outros itens que chamam sempre a atenção.
Enquanto nas sociedades acima mencionadas se observa a exibição de alguns destes acessórios a nível de músicos, actores, influencers e desportivas, em Angola, é nas classes policiais e militares que mais se assiste a esta manifestação de exibicionismo desenfreado.
Se se olhar para o crescimento de alguns oficiais superiores, incluindo generais e comissários, é possível fazer-se um retrato desde a altura em que esse adereço passou a constar da sua agenda. Parece que, à medida que aumentavam as promoções, também o faziam no tamanho do fio de ouro – e poucos são os que ainda vão ao prata – e outros bens de luxo sem qualquer pudor.
Com o passar do tempo, o que num determinado período se tornou uma violação às normas da própria corporação, passou a ser visto como algo normal, infelizmente promovido pelas mais altas figuras castrenses.
E assim todos alinharam, transformado homens vereados com fardas para defender cidadãos em autênticos modelos numa passarela que só os seus parcipantes parecem perceber as razões. E hoje, antes das últimas medidas, assistia-se a tudo, ignorando-se assim pressupostos que podem colocar em causa as próprias instituições. Talvez por isso, o novo comissário-geral, Francisco Ribas, tenha decidido pôr ordem no circo.
O que na verdade já vem tarde demais. Para muitos, pode parecer uma orientação superficial. O que não é verdade. A forma despudorada como muitos oficiais superiores se exibem, sabendo-se exactamente o que auferem com base nos diários da República publicados, indicia até que muitos andem em actividades suplementares para aumentarem a renda, algumas das quais podem dar azo a uma série de especulações em termos de legalidade.