De acordo com os conceitos da língua discutidos, tanto por Saussure bem como outros exímios linguistas, pode-seafirmar que a linguagem humana
é um fenómeno social( natural ), porque existe tão logo que Deus criou o homem, houve apenas a intervenção divina. Por outrolado, a língua pode ser vista como factor social, na medida que sofre a alteração do homem, na sua moldagem e, sobretudo, ao processo de levantamento de informações interna da língua ( construção de uma gramática formal e perspectiva e de um dicionário ) que refletea realidade sociolinguística dosrespectivos falantes.
Percebe-se que um estatuto social da língua tem a ver com as valências valorativas que lhe são incumbidas pela sociedade onde ela é tornado útil, tendo em conta o valor comunicativo que possui.
Por isso, a dimensão social da língua é vistoem duas perspectivas: ( i ) político social e (ii ) sociolinguística. (I) Perspectiva político social: é consubstanciada num conjunto de qualidades valorativas de normas leis regidas pelo Estado. Numa perspectiva política da língua, Estado decide o estatuto social que uma língua deve ocupar no panorama nacional, mas sem se descurar arealidade dos seus falantes. (II) Perspectiva sociolinguística: nesta perspectiva a língua é imaterial e está coberta de aspecto idiossincraticos dos falantes. Isto é, detentora de conjuntos de itens sociais de uma língua, em função do uso dos respectivos falantes.
No século XVI e XVII os portugueses não empenharam-se em apenas divulgar o cristianismo, mas também rudimento de matemática, língua portuguesa e a correspondente escrita, de uma maneira geral podemos afirmar que o ensino colonial não era um ensino virado para as populações angolanas, para a sua cultura e para a promoção dos seus valores, era sim um instrumento ideológico do sistema colonial que tinha como objectivo inculcar valores morais, éticos, políticos e religiosos acerca da realidade portuguesa, incluindo ideias de servilismo na consciência do angolano, enquanto a escola era uma forte instituição de expansão da língua portuguesa em detrimento das línguas angolanas. É de salientar que nas colónias os programas e conteúdos de ensino diziam respeito a realidade portuguesa.
Estudava-se a flora e fauna, a história, a geografia de Portugal, criando-se um vazio cultural acerca de conhecimentos da realidade da própria colónia.
A aprendizagem de uma segunda língua ( L2 ) implica necessariamente que, se tenha uma língua materna/ ou L1 bem estabilizada, para que se possa alojar a subsequente língua.
Tal como diz o crítico literário Alexandre Mambo “ a questão/o problema da inserção das línguas angolanas/nacionais de origem bantu no sistema de educação, é algo que carece de bastante reflexão, pois antes do que agora se pretende (“imediatamente”), devemos questionar se existe uma sistematização ou organização da escrita e a pronúncia correcta dos léxicos pertencentes a essas línguas, pois, sabendo que há equiparação com a língua portuguesa (notada não somente no dia da língua portuguesa, mas também noutros) logo, tal como ela, também deve(ria) existir uma gramática normativa das línguas cuja implantação é pretendida.
Por possivelmente ser algo demorado – caso não existam gramáticas, dicionários e outros livros relacionados a essas línguas – pode se pensar que é ou será um entrave, mas não, a existência das gramáticas, dicionários e outros livros, ajudarão no estudo e no ensino.” No caso específico de África, as línguas oficiais adotadas são as das antigas potências colonizadoras e, em muitos países deste continentes ( se não mesmo em todos, à exceção de Angola ), a língua oficial não é a veicular, porque não é usada em todas as circunstâncias em todo país.
Muitos países africanos tem várias línguas bantu como veículo de comunicação regional e nacional, tendo assim, o bilinguismo presente nos africanos/ou pode-se dizer que, é uma das suas grande camente língua oficial, de certo modo, ameaça a sobrevivência das línguas indígena. Visto que a dimensão social da língua é visto em duas perspectivas, há-de-se considerar as línguas maternas ( bantu ) como oficiais, partindo das razões político social.
Partilho da mesma opinião e defesa que Lopes (p. 42-43) faz, quando apresentou a proposta ao 1º Congresso Mundial de Linguística Africana de 1994, especialmente a parte que tratava da proposta para o melhoramento do tipo de política linguística em termos constitucionais. Proposta que é direccionada ao caso de Moçambique, que, para o caso de Angola, também nos interessa e adaptamo-la à nossa realidade, por manter uma similaridade etnolinguística. Tal proposta reflecte-se nas seguintes premissas: I. que a língua é factor-base da identidade; II. que a satisfação das necessidades humanas básicas para o desenvolvimento inclui a satisfação dos direitos dos cidadãos a identificarem-se com as suas línguas maternas e a aprendê-las e usá-las adequadamente; III. que os cidadãos devem ter o direito de utilizar as suas línguas maternas em situações oficias e, consequentemente, todas línguas faladas nativamente por Angolanos devem gozar de estatuto de língua oficial; IV. que os cidadãos devam ter o direito a uma adequada aprendizacaracterísticas. Por ser uma das características africanas, tal como Moçambique, Angola também deveria pensar sério no caso da inserção das línguas maternas ( bantu ) deste modo, contribuindo para mudança linguística.
Angola é um país multicultural e multilinguístico ( rico na sua cultura ), de modo algum, se torna um perigo o reconhecimento das línguas indígena como oficiais, pelo contrário, é um perigo ter apenas o português como unigem e uso da língua de comunicação mais ampla como elo de ligação e língua de unidade a nível nacional, e como meio de comunicação com as nações e comunidades que no mundo utilizam esta língua; V. que os cidadãos sentem a necessidade de se intensificar a aprendizagem e uso de línguas estrangeiras com o objectivo principal de responder a desafios regionais e internacionais na comunicação, cooperação, ciência e tecnologia. Quanto às funções das línguas no país: I. a língua portuguesa deve reter a sua função estatutária como de ligação e de unidade a nível nacional; II. as línguas bantu devem gradualmente ser usadas co-oficialmente (com o Português), pelo menos,nos seguintes domínios: alfabetização de adultos, cultura, administração pública, justiça (sobretudo nos tribunais), parlamento, desenvolvimento rural e agricultura, cuidados de saúde, nutrição infantil, planeamento familiar, indústria de pequena escala, meios de comunicação de massas e religião; Desta forma, temos sido obrigados a concordar com o argumento de que um angolano bilíngue (língua Bantu/Português) pode e deve usar a língua oficial (Português) em todas as situações oficiais. Em nosso entender, corroborando com a postura e reflexão de Lopes (p.44), é sem fundamento tal argumento pelas seguintes razões: (i) se determinada língua não for utilizada em situações oficiais, essa mesma língua não será adequadamente aprendida nem terá oportunidades normais de se desenvolver; e (ii) se essa língua não for aprendida como propriedade, como é que as pessoas se identificam plena e conscientemente com uma língua que não é bem conhecida? E em alguns casos nem conhecida é! Para a sobrevivência das línguas maternas, é necessário que se pense bem a respeito, inserção das línguas no sistema de ensino ajudaria bastante.