Não parece incrível, aos olhos de todos, que o acto de leitura está cada vez mais alienada do contexto escolar, social, religiosa e familiar, partindo daquele que tem o papel, primário ou secundário, de ensinar e educar aos destinatários o cultivo do aludido acto.
Ora, pelo que se constacta, nos mais distintos espaços educativos, mormente por parte de professores e alunos, a leitura deixou de ter impacto nas escolas, assim como fora dela.
Não é que seja uma prática exclusiva do recinto escolar, mas que a escola seja uma instituição contribuidora ao desenvolvimento do hábito de leitura na vida dos seus docentes e discentes, para que não tenhamos indivíduos mentalmente mortos e sem ideias genuínas para o exercício da sua crítica, reflexão e resolução dos fenómenos sociais que se vão surgindo.
Em contrapartida, devemos compreender que o acto de ler não se restinge à decodificação das letras e, a posteior, das frases e textos. A leitura abarca, também, a competência interpretativa daquilo que se ouve e observa, isto é, por meio de imagens e sons.
Assim, quando se diz que estamos perante a prática de leitura, reflectimos à volta do que está ao nosso alcance e da sua aplicabilidade nos seus mais diversos contextos.
Sabemos, entretanto, que existem inúmeras dificuldades para aquisição de livros em formato físico, como o número ínfimo de instituições livreiras e avultado custo dos livros, porém as bibliotecas comunitásrias têm contribuído sobremaneira para o incentivo à actividade leitora.
Além disso, os livros em formato digital são, de facto, refúgios valiosos para o processo de aprendizagem dentro e fora da escola, consoante a realidade da nossa sociedade angolana.
Temos a apurar, conforme a nossa observação, que muitos se justificam da indisponibilidade temporal e da incapacidade financeira para a compra de livros, o que não discordamos na sua plenitude, entretanto, falta, nalguns casos, o incentivo interno e externo da parte dos que se sentem impossibilitados para o fazer.
Sendo o livro mestre-mudo, acabamos por tirar vantagens do mesmo, não importando o seu género textual, lendo, não de modo costumeiro, mas indo à sua actividade exploratória-contextual, sob pena de cairmos no indevido manuseio.
Ademais, não podemos considerar a leitura, nas suas mais varidas dimensões, como bicho de sete cabeças, pois ela é cultivada e moldada no decorrer do tempo em que se vai realizando, se a levarmos, com certeza, como uma prática costumeira.
Constitui-se, no entanto, como um processo de percepção do mundo que reúne características cruciais e singulares de cada indivíduo, levando a sua capacidade simbólica e de interacção com outra palavra por meio do contexto social circundante.
A par de tudo, se não cultivarmos e incentivarmos o hábito de leitura de modo emergencial, dispondo-nos de estratégias viáveis para a obtenção e o contacto directo com os livros, isto de forma extensiva, teremos, cada vez mais, uma sociedade doentia no que à intelectualidade científica diz respeito.
Como sugestões ao incentivo à actividade leitora, urge, a título exemplificativo, reforçar as bibliotecas comunitárias, facilitar o acesso aos livros digitais, bem como a aquisição não muito custosa dos mesmos em formato físico, constituir bibliotecas nas escolas, ampliar as Mediatecas e realizar Concursos de Leitura.
Por: FELICIANO ANTÓNIO DE CASTRO (FAC)