Luft, no seu livro sobre vírgula, página 38, diz algo muito surreal.
Para quem entende um pouco sobre sintaxe, perceberá o conteúdo: 《Ora, a nossa pontuação é de base sintáctica, estrutural e não auditiva.
Não vá pelo ouvido, que ele não entende de vírgula.
Lamento, mas você tem que aprender um mínimo de análise de sintáctica (nem que seja intuitiva, como a maioria dos que escrevem bem) para virgular com acerto.
A pontuação é um teste de inteligência “.
Na verdade, é o que se apregoa há tempo de que o uso da vírgula está mais ligado ao conceito de sintaxe (estrutura) do que da audição (som, pausa).
Ou seja, para esse autor nunca esteve ligada a essa última realidade.
O que acontece é que muitos, como diz Luft, pontuam obedecendo não só os ouvidos como as pausas melódicas ao lerem o texto.
Porquanto ele desaconselha esse critério por considerar que muitos são os que respiram mal. Dado a isso, os que mesmo assim se procedem, são os que não hesitam separar o verbo do seu nome ou do seu complemento na ordem directa da frase.
Minimamente, o escrevente tem de dominar, não importa se for por advinda, a sintaxe da língua para ter em mão a vírgula e usá-la livremente.
Entretanto, o que é a sintaxe de facto? É nada mais do que a estruturação das palavras para formarem frases.
Ou seja, quando estas se interligam com intuito de formarem frases ou enunciados, a sintaxe é responsável pelo estudo desse fenómeno.
E, como se sabe, nas frases verbais, a estrutura básica é composta por elementos essenciais ou inseparáveis: O NOME (que forma o núcleo do sujeito) O VERBO (que terá o poder de ser a informação) E OS COMPLEMENTOS (que servirão como fundamentos para acrescentar na informação dada pelo verbo).
Nota que estes são os casos em que o verbo denota acção, sabendo que há os que apresentam características, estados ou fenómenos naturais etc. Logo, pontuar é saber das ordens que podem encontrar-se as frases: directas, tal qual no exemplo acima; ou indirecta; quando se desloca elementos das suas posições habituais. Tipo: “DESDE QUE A CONHEÇO, nunca a vi cometendo asneiras”.
No exemplo acima, a expressão em maiúsculas foi deslocada, por isso se usou a vírgula. E o uso, neste caso, é obrigatório segundo o autor.
Não só, podemos estar sujeitos a desviar quando o assunto for pontuar com a vírgula, é normal.
Mas que isso fique claro; para que se pontue com destreza, certeza e seriedade, é necessário conhecer as estruturas básicas das frases em língua portuguesa: SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS ou COMPLEMENTOS + SUJEITO + VERBO.