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A paralisia de um estado andante: uma leitura da capa da obra “542 anos em coma” de David Gaspar

Jornal Opais por Jornal Opais
21 de Outubro, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
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A paralisia de um estado andante: uma leitura da  capa da obra “542 anos em coma” de David Gaspar

A capa da novela de David Gaspar, obra vencedora da primeira edição do Prémio Literário GGMF 2023 apresenta uma imagem que nos serve de análise, de reflexão, por fotografar com êxito a paralisia, o estado adoentado que vivemos nos dias que correm em Angola. Entendemos a fotografia como uma expressão artística de uma construção humana.

Essa construção humana pode servir de espelho social ou de condição individual de um ser que se deja reflectir. A sua análise, para além do olhar artístico, que lhe é peculiar, pode ser avaliada sob um viés de vários domínios científicos.

No entanto, para este artigo, poderemos apenas analisar a imagem presente na capa da obra em estudo. Propusemo-nos em analisar capa de obras literárias, isso por entendermos que ela não é um elemento isolado na obra, ou seja, a capa pode ser vista como o resumo ou o retrato do que nos traz a obra.

Por isso, é importante que os signos que poderão constituir a capa de uma obra literária serem colocados e pensados em função do contexto da obra. De outra forma, estariamos a dizer que a capa de uma obra literária deve ser vestido de conteúdos que possam dialogar com a obra toda.

Olhando para o título do livro “542 anos em coma”, começando com este segundo lexema, coma, segundo a wikipedia, é um estado de inconsciência do qual a pessoa não pode ser despertada.

Já a expressão 542 anos, segundo nossa leitura da obra, remete-nos a uma terra que, geopoliticamente, conhecida por Angola, isso desde a sua indepência, pois a expressão numérica remete-nos desde a chegada do colono português até aos dias de hoje; o que, para nós, há, o que é natural aos textos literários, dada a compreensão social da literatura, presença de um manifesto sobre o qual o país anda adormecido desde a época da chegada dos portugueses no território angolano.

Para a demonstração da nossa afirmação, faz-se a subtração da data da chegada dos portugueses no territótio angolano até a presente data. Segundo o que diz a história de Angola, os portugueses chegaram no território angolano, acidentalmente, em 1482, desta data, subtrai-se o presente ano 2024, ou seja, faz-se o seguinte cálculo: 1482 – 2024, dar-nos-á 542 como resultado. Como se pode observar no trecho da obra, na fala do narrador-personagem que tenta se encontrar: “passam-me vários tempos desde que me fiz neste lugar.

Admito haver em mim tamanha dificuldade em calculá-los. E meus descansos, sonho ciclicamente com imagens que mal tenho noção de onde os terei visto antes (…). volto-me para a porta de saímos e observo no topo uma escrita exposta em palavras feitas com ferro: A GRANDE DESCOBERTA – 1482.” (Gaspar, 2023, p. 69 e 71).

Fora a esta questão das datas, o que nos leva a crer que o título nos remete ao país Angola, estão os signos da cor que, semioticamente, nos remetem às cores que representam a bandeira de Angola, como se pode conferir na fala do narrador, do trecho retirado da obra, quando este tentava descrever as mulheres que via: “(…) estas berram com a escuridão (…). ela tem empunhada na amarelada mão uma faca ensaguentada (…).” (Gaspar, 2023, p. 71-72) O trecho apresentado em cima, apresenta, de forma simbólica, as cores que representam a bandeira do país, como o caso do lexema escuridão que vai representado, pela sua compreensão natural, a cor preta; amarelada que já define a cor amarela e ensaguentada que nos remete à cor vermelha, esta, claro, por ser a cor do sangue.

Na imagem, há presença de lixo, o que, para nós, representa o estado doentio, adormecido em que o país se encontra, pois a imagem sugere uma leitura contextual de reivindicação social resultante da excessiva aglomeração de resíduos sólidos em quase toda parte do país, o que contribui significativamente para o alto número de casos de malária em Angola. Há presença de indivíduos no lixo, como mostra a imagem da capa, com sacos a recolher o lixo.

Isso, de certa forma, é, do ponto de vista do contexto social que o país vive, denúncia, manifesto sobre a problemática do desemprego no país, pois muitos dos cidadãos angolanos que, diariamente, vão estando no lixo, têm o lixo como seu ganha-pão, como sua fonte de sustentabilidade. Por outra, questiona-se a ordem contratual estabelecida entre o Governo angolano e as empresas de recolhas de lixo no país.

Será que temos mais lixos no país e menos empresas de recolhas de lixos, ou contrário também vale, mas com pouco desinteresse de exercerem a função? A presença da mulher carregando um bebé ao colo remete-nos ao deserronlar da narrativa onde a persongem de nome Esperança carrega o pequeno Futuro ao colo.

A narrativa apresenta-nos nomes de persongens que marcam tempo ou estado como é o caso da personagem Esperança, Futuro, Passado e Presente, só para constar.

Portanto, o que diz a narrativa está presente na imagem da mulher com o bébé ao colo, representando a esperança levando consigo o futuro, pois ambos retiramse por perceberem a inutilidade da sua existência numa terra onde o povo enche a barriga de esperança, de promessa sobre um futuro que permanece incerto, permanecendo cada vez mais minúsculo na vida dos cidadãos, como se pode verificar no trecho abaixo: “”Futuro” não responde. “ché Futuruloy” e só então o rapaz se volta para a voz (…). “Espeancha!”.

decerto, Futuro perdeu de si mesmo a capacidade da articulação adulta. (…) não desista de si, Esperança. agarra-lhe ao colo, limpa-lhe as ramelas com o canto do farrapo com o qual Futuro se cobria (…)” (Gaspar, 2023, p. 97 e 104) Para terminar a nossa análise interpretativa da capa desta obra, teriamos, igualmente, de ressaltar o papel do narrador da obra, apresentava-se, dentro da sua narração, viradas narrativas, ou seja, trazia narrativas que, muitas vezes, serviam de introdução para a próxima narrativa, por aquilo que é considerado foco narrativo.

Podemos associar esta técnica ao lexema coma que dá título à obra, pois um paciente nesta condição, como recomenda os especialistas em saúde, é importante mudar a posição do paciente em cada 24 horas para evitar ulcerações e problemas vasculares.

Foi este o grande exercício que o narrador teve duranrante a sua narração de, nalgumas vezes, desviar o foco narrativa para outros assuntos sem, ao menos, os descompassar ou perder de vista a sua narração. Portanto, a capa, a nosso ver, está bem conseguida pelo facto de consguir explicar a obra no seu todo.

 

Por: Khilson Khalunga

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