A literatura, enquanto arte manifestada pela palavra, permitindo a composição e exposição de textos, constitui umas das grandes produções artísticas do homem desde os primórdios, ao lado da música, da dança, do teatro, etc.
Com base a isto, abrimos aqui uma particularização para discorrer sobre <<a relevância da literatura angolana como meio de revitalização cultural>>.
A literatura angolana vem antes do período da independência nacional.
• Ela, a literatura angolana, adveio como projecto ficcional para enaltecer o homem africano-angolano que, por muitos anos foi banido da história.
A verdade é que a literatura angolana, em muito contribuiu para o processo de descolonização de Angola, produzida nas mais variadas tipologias literárias, poesia, poema, conto, fábulas, lendas, romances, etc.
A literatura angolana ascendeu, antes de 1975, como forma de recuperar a nossa história, consciencializar o nosso povo, apregoar a esperança de vitória certa embasada numa luta contínua, sobretudo, como meio de resgate dos valores culturais, éticos e espirituais do pacato angolano, por isso, movido pelo sentimento de esperança e liberdade.
Agostinho Neto escreveu HAVEMOS DE VOLTAR, em 1960 enquanto esteve na Cadeia de Aljube, Lisboa, António Jacinto escreveu Cartas de Um Contratado e Monangamba, nestes poemas, mormente o último, António Jacinto encarnado na pele de sujeito poético relata o queixume, o clamor de um monangamba angolano, vítima da opressão colonial (monangamba, do kimbundu: escravo, carregador, um pobre trabalhador).
• A literatura angolana tem um papel assaz importante, apesar de, no país, haver um grande destratamento dela, ela é desvalorizada por varias estruturas, sobretudo pela estrutura política e pela maioria dos populares, assim há quem pergunte: para quê ler um livro de literatura angolana?
Qual é a sua importância?
Por que não ler um livro com um teor mais objectivo e literal do que ler ficcionalidade!?
A resposta é, a literatura não é só ficção, inventividade ou imaginação (utópica) como muito se diz.
A literatura é o conjunto de produções textuais que serve para o resgate da nossa identidade, espiritualidade, crença, lendas.
Toda forma de literatura, objectiva ou subjectivamente serve para enaltecer onde ela é produzida, assim, Paulina Chiziane, Mia Couto, Ungulani Khosa e companhias são um dos nomes mais sonantes da Literatura Moçambicana, que em muito contribuem para o enaltecimento cultural do país do Índico.
• A literatura angolana é muito importante porque dá voz e elevação às estórias que fazem parte da vida de um povo, por exemplo, no livro “A Morte do Velho Kipacaça” Boaventura Cardoso apresenta um conto tradicional ficcional ou não que retrata a vida, a tradição, os hábitos de vários povos de Angola, mormente ambundu (kimbundu) e bakongo, de igual forma, Jofre Rocha em “Estórias do Musseque” aborda vários mitos vigentes nos musseques de Angola, um deles, a estória da Avô Palassa que reflecte a vida das mamas kitandeiras nos mercados informais de Luanda; Pepetela em “Mayombe” retrata a luta engajada dos guerrilheiros na região de Cabinda, o cômputo da trajectória de lutar contra o Tuga, similarmente, realça muito sobre os hábitos e costumes do povo cabindense, os da região do Lombe, Belize, etc.
Óscar Ribas, um dos maiores literatos e folcloristas angolano, em seu livro “Uanga”, o autor discorre sobre um das práticas culturais do homem negro, o <<feitiço>>, apresentada sob a análise da sociedade angolana dos finais do século XX, Óscar Ribas apresenta os nossos folclores, a superstição do nosso povo, as lendas, as fábulas e a gastronomia angolana, um destaque assazmente magistral.
• Dessarte, a Literatura Angolana é uma via sem igual para a restauração dos nossos hábitos e costumes, revitaliza e esparge as nossas línguas, a nossa gastronomia, as diferentes formas de relacionamento dos angolanos, ela é usada como meio prestativo para crítica e análise social, manifestação contra um poder político detrator, forma de entretenimento, drama e humor (como no caso do livro <<Quem Me Dera Ser Onda>> de Manuel Rui Monteiro).
• Urge-se se ensinar a literatura com mais veemência nas escolas, é tarefa do professor de Língua Portuguesa ou de Literatura, rádio, jornais e outros meios, incitar o “gosto” pela literatura aos alunos e/ou para as diferentes franjas sociais, assim teremos passos dados para melhor conhecimento e prática da nossa identidade sociocultura, enquanto cidadãos angolanos, um povo sem literatura é também um povo sem expressão.