Estudos apontam que os sistemas imunológicos dos morcegos frugívoros da Jamaica e bigodudos da Mesoamérica desenvolveram maior tolerância a determinadas doenças graves.
Um estudo mais profundado sobre o sistema imunológico de morcegos pode abrir caminho para tratamentos eficazes contra o cancro e vírus mortais como a COVID-19, de acordo com uma pesquisa do laboratório Cold Spring Harbor, em Nova Iorque, publicada nesta semana na revista Genome Biology and Evolution.
Ao sequenciarem os genomas das espécies de morcegos frugívoros da Jamaica e morcegos bigodudos da Mesoamérica, os cientistas descobriram que uma rápida evolução havia simplificado os seus genomas para se defenderem contra o vírus da COVID-19 e o cancro.
Diferente de outros morcegos e mamíferos, incluindo os humanos, essas espécies eliminaram genes que produzem proteínas chamadas interferons, que actuam como um alerta para o sistema imunológico, informando-o sobre células perigosas e desencadeando defesas naturais.
No entanto, ao reduzir a resposta, os cientistas acreditam que os “incomuns” sistemas imunológicos dos morcegos desenvolveram uma maior tolerância a vírus.
“Isso impede respostas imunológicas excessivas que prejudicam os tecidos saudáveis — uma das razões pelas quais as infecções são tão prejudiciais aos humanos”, explicou um dos pesquisadores, Armin Scheben.
O estudo também descobriu que, em comparação com outros mamíferos, os genomas desses tipos de morcegos contêm mais alterações em genes relacionados ao cancro, incluindo seis que reparam o DNA e dezenas de outros que suprimem tumores.
“O nosso trabalho destaca como a imunidade e a resposta ao cancro estão profundamente interconectadas.
Os mesmos genes e proteínas do sistema imunológico desempenham papéis importantes na resistência ao cancro”, acrescentou o cientista.
Os pesquisadores agora estão a explorar como as descobertas podem municiar tratamentos melhores contra o cancro e alguns tipos de vírus em seres humanos.