Os cerca de 2 mil sinistrados da Ilha de Luanda, que foram coloca- dos a residir, provisoriamente, no bairro Zango 1B, em Viana, em 2009, conseguem vislumbrar o fim das peripécias, que os oprimem na zona. Passam 14 anos, desde que o Governo Provincial de Luanda (GPL) prometeu realojá-los
A esperança de abandonarem as casas de chapas e seguirem para residências com dignidade renasce, depois de a Comissão de Moradores desse bairro instar o GPL a a gizar soluções urgentes e concretas, no sentido de reassentar as famílias a viver em situações de vulnerabilidade. O coordenador adjunto da Comissão de Moradores do Zango 1B Tendas, António Sanga, lembra que o processo para o realojamento remonta à governação de Francisca do Espírito Santo.
No decurso desse período, disse, o GPL disponibilizou casas, das quais pessoas imbuídas de má-fé se apoderaram delas. Por isso, a Comissão decidiu contacar o Governo da província que, segundo este responsável, está a dar sinais positivos de modo que, seguramente, o caso poderá ser resolvido nos próximos dias. “O Governo Provincial está a trabalhar no sentido de que esta gente seja realojada, num curto espaço de tempo, porque todo um processo fizemos. Não foi fácil. Mas, Deus está acima de todos os acontecimentos.
Acreditamos que, num curto período de tempo, esse pessoal vai sair daqui”, adiantou. António Sanga referiu ainda que, nesse processo, estão envolvidos advogados e associações, pelo facto de, pontualizou, no passado ter existido uma rede, que foi complicando o processo. Por conta das diligências que têm sido feitas, ultimamente, contornou-se o processo, e a verdade está a ser puxada para cima, uma vez que os elementos da rede estão identificados e a ser responsabilizados. “As casas eram entregues, mas, era para terceiros. Acredito que, num momento oportuno, temos a certeza de que as coisas virão à superfície”, disse.
Ninguém recebeu casa e voltou às chapas
O responsável diz não acre- ditar, sob hipótese alguma, que exista uma família que tenha recebido uma residência, e, a fim de ser novamente beneficiada, tenha regressado às condições de pobreza, no Zango Tenda. “Não é verdade o que se diz, que estas pessoas receberam casa, e voltaram para aqui”, negou. O coordenador-adjunto enumerou a falta de água potável e de saneamento básico entre as principais dificuldades por que passam os moradores da zona, razão pela qual fundamenta o seu cepticismo de que existam pessoas que tenham regressado à “miséria”, mesmo tendo alguma casa dada pelo Governo.
António Sanga recorda que, quando foram postas naquela zona, as pessoas viviam dentro de tendas partilhadas por nove a 12 famílias. O sol e as chuvas castigaram aqueles materiais, que, rapidamente, se degradaram. Foi assim que os moradores adquiriram, por meios próprios, chapas de zinco e construíram as casas que estão na zona, actualmente. “É uma situação muito difícil. Não se imagina o que é viver nu- ma casa de chapa. São altas temperaturas. As pessoas vão mor- rendo pouco a pouco. Temos a plena certeza de que a qualquer momento estas pessoas saem daqui”, acreditou.