A Agência Nacional de Resíduos (ANR) em parceria com a União Europeia, no período de 2022 a 2023, desenvolveram um trabalho em que se concluiu que no nosso país, em média, uma pessoa produz 0,59 quilos de resíduos. Assim, em Angola, produz-se aproximadamente 19 mil e 393 toneladas de resíduos/dia.
Os tipos de resíduos produzidos por dia são maioritariamente os orgânicos, que ocupam 38,99%, seguido do plástico (23,5%), papel e papelão (12, 07%), metal (9,47%), vidro (6,97) e outros (8,47%). A PCA da Agência Nacional de Resíduos, Nelma Caetano, disse que, apesar de se produzir mais os resíduos orgânicos, não são os mais reciclados.
A sua instituição controla 110 indústrias de reciclagem e valorização de resíduos, entretanto, a nível do país, o que mais é reciclado é o metal (com 34 empresas), de seguida o plástico (31), o papel (11), bateria (10), vidro (6), óleos usados e pneus são cinco, e o lixo com maior produção, o orgânico, tem apenas uma cooperativa que recicla. A Agência Nacional de resíduos tem licenciados 459 operadores, sendo 40 que tratam dos resíduos hospitalares, 11 de mineração e 74 do petrolífero. Destes, o mais solicitado é o não petrolíferos (334).
A ministra do ambiente, Ana Paula de Carvalho, reconheceu que o grande desafio para a gestão dos resíduos é a sua valorização, que passa pela reciclagem que, actualmente, está virada apenas para as indústrias.
“Os aterros sanitários têm a vida útil de até 20 anos e, se apostarmos mais na reciclagem e a reutilização, terão mais tempo. Por outra, podemos começar a separar os resíduos a partir de casa”, sugere.
A ministra disse ainda que o seu ministério está a trabalhar para diminuir a produção de resíduos, tendo em conta que reciclar diminui de certa maneira o dióxido de carbono, reduz o gasto de energia, de água, a ida de resíduos para os aterros e preserva as fontes de matéria-prima.
Mais de 20 mil empregos criados na reciclagem
No que toca à gestão de resíduos, com a existência de 459 empresas, incluindo cooperativas licenciadas para o exercício da actividade de gestão e várias indústrias de reciclagem de resíduos e associações de catadores, foi possível criar mais de 20 mil empregos.
Apesar da quota dos resíduos que é reaproveitada estar entre os sete e 10%, a cifra poderá registar um aumento significativo nos próximos tempos, com a implementação e contínua divulgação dos projectos em curso. Por seu turno, Denise António, representante do PNUD em Angola, disse que sonha, num futuro muito próximo, que Angola se torne num país com “zero resíduos”.
Para tal, deve-se aplicar um sistema onde os materiais nunca se tornem resíduos; os produtos e materiais sejam mantidos em circulação através de processos, como a manutenção, a reutilização, a renovação, a transformação, a reciclagem e a compostagem.
Como exemplo, frisou que uma garrafa de plástico, “muitas delas acabam por entupir os nossos sistemas de drenagem, as águas, mantendo as nossas cidades sujas, e o mais preocupante é que demoram cerca de 450 anos a decompor-se”.
Segundo Denise António, ao utilizar o conceito de economia circular, os cidadãos globais podem mitigar os danos que se está a causar, deixando de utilizar garrafas de plástico e, em vez disso, utilizar recipientes reutilizáveis no seu estado actual, para outros fins.
Quanto às garrafas de plástico que já existem, se deve encontrar uma utilização alternativa, ao invés de as deitar fora, tais como transformá-las em qualquer outra coisa (base para copos, como material de construção, para fabricar mobiliário, arte, etc.) “Ao fazê-lo, não só estaremos a capacitar a nossa sociedade, como também estaremos a apoiar a geração de rendimentos, de uma forma ambiental e sustentável.
Enquanto isso, teremos vários ganhos na redução e, eventualmente, eliminar os resíduos, reduzir a poluição e, acima de tudo, contribuir para um ambiente mais limpo e saudável”, frisou Denise António.