Uma cidadã nacional perdeu a vida no Centro Especializado de Tratamento de Endemias e Pandemias (CETEP), localizado em Calumbo, depois de ser levada para esta unidade com problemas respiratórios. A família acredita que a sua morte foi provocada por falta de assistência médica adequada
Neusa Madalena Borges do Nascimento estava com 41 anos, quando, acompanhada pela mãe, entrou para o CETEP. O esta- do clínico não era, aparentemente, grave, mas as queixas de Madalena eram constantes, de acordo com Victória João Borges, a progenitora. No local, foram dirigidas ao Banco de Urgência, onde lamentou o facto de a médica em serviço ter falado consigo e com a filha numa tonalidade de voz que transmitia arrogância, pelo facto de a paciente ter tatuagem no corpo.
De seguida, orientou que se fizessem exames de sangue e uma radiografia. Sem condições físicas para andar, a paciente quase caiu ao meio da estrada, e a técnica deu apenas uma cadeira de rodas, após ser repudiada pela sua colega. Decisão de internamento Após os exames médicos, a acompanhante foi dispensada com a informação de que a filha esta ria internada. Nesse dia, decidiu aguardar alguns instantes no exterior, a fim de poder aproveitar o tempo de visita com a sua paciente.
Na hora exacta, entrou no hospital. Porém, encontrou-a ainda no Banco de Urgência. Victória Borges conta que a paciente não foi sub- metida a qualquer procedimento, além de um soro sem qualquer descrição da sua composição. No fim da visita, um enfermeiro ficou com o número de telefone da progenitora, para mais tarde informar a referência da sala onde a filha estaria.
24 Horas sem intervenção médica Victória não recebeu a informação devida.
Preocupada com a filha, regressou ao hospital às 6 horas do dia seguinte. Esta anciã encontrou-a na sala 71, sem que, no entanto, fosse submetida a qual- quer procedimento médico durante a noite. “Eu perguntei a minha filha se foi observada, depois da minha saída, ela disse-me que não. Na sala não havia enfermeiro e a respiração estava muito alterada. Das 16 às 7 horas, a minha filha não recebeu nenhuma assistência médica”, contou. Com isso, regressou à casa para voltar no horário de visitas, às 15 horas. No período definido, a filha voltou a dizer que ainda não tinha sido atendida.
Por esta razão, procurou um técnico para explicar as razões. Um enfermeiro informou que a paciente não poderia ser atendida porque não tinha processo. Às 20 horas, Victória Borges ligou para a filha, a fim de saber se havia recebido alguma assistência médica. No entanto, Neusa havia dito que não, aproveitando a ocasião para informar que o seu esta- do inspirava cuidados. No dia seguinte, por volta das 5 horas, ligou para filha e, por três vezes, não atendeu a chamada. Somente na quarta tentativa ouviu uma voz estranha a justificar que estava no quarto de banho.
Mãe recebe notícia da morte em pé na sala dos médicos Bastante preocupada, procurou até encontrar a sala dos médicos para saber a razão pela qual a filha não era atendida. O espaço estava fechado. Mas, permaneceu ali até que foi encontrada e convidada a entrar por um profissional. Sem permissão para tomar o assento, ficou em pé. Uma médica, acompanhada dos seus colegas, deu início a um interrogatório. Depois de saber sobre a preocupação da progenitora quanto à sua paciente. “Pediram-me para entrar na sala. Não me mandaram sentar. A médica perguntou se já tinha falado com a minha filha. Respondi que sim. Mas, disse que não era ela quem atendeu, porque a minha filha morreu à madrugada. Deu-me esta notícia de pé”, lamentou.
Causas da morte
Victória Borges conta que os médicos justificaram a morte da sua filha com o facto de, supostamente, a paciente ter chegado ao hospital em estado grave de malária e de problemas respiratórios. A família questiona a razão pela qual o seu ente não terá recebido assistência médica. Afirma, também, que, durante o período em que esteve internada, não recebeu qualquer documento médico, como os resultados dos exames.
Direcção do Hospital não fala
O jornal OPAÍS deslocou-se até ao CETEP, onde foi recebido pelo director geral, que indicou o seu director clínico, Damião Victoriano, para esclarecer o assunto. Este, por sua vez, garantiu preparar o processo e que, de segui- da, ligaria a informar. No dia seguinte, ficou em silêncio. O jornal OPAÍS procurou contacta-lo, mas, sem sucesso. Depois, enviou uma mensagem a informar que “agora não posso falar”. Até ao fecho da presente edição, este jornal não recebeu qualquer pronunciamento do responsável.