Delegações de duas empresas petrolíferas chinesas visitam Angola nos próximos dias para identificarem áreas a investir, depois dos acordos assinados ontem, em Beijing, com a delegação angolana liderada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo
Tratam-se das empresas China National Petroleum Corporation (CNPC) e CNOOC Internacional Limitada, cujas delegações pretendem constatar “in loco” as potencialidades de Angola na área dos hidrocarbonetos. Na reunião que manteve com a delegação angolana, o presidente da CNOOC Liu Yongjie disse que a visita da empresa chinesa ao nosso país visa encetar discussões à volta do Bloco 24 e de outras oportunidades de exploração petrolífera.
No caso da CNCE, o seu presidente, Mo Dingge, disse estar disposto a cumprir os compromissos já assinados com a Sonangol e a avançar com outros, com base em uma parceria que permita ganhos recíprocos. A delegação da CNCE virá a Angola para aprofundar conhecimentos e decidirem sobre as futuras áreas de cooperação. Na senda dos encontros com as empresas petrolíferas chinesas, Diamantino Azevedo visitou a SINOPEC, que já actua em Angola, para pedir “maior presença da empresa em Angola e actuação em novos projectos para materializar a orientação dos dois presidentes, João Lourenço e Xi Ji Ping, pelo facto de a Sonangol e a congénere chinesa serem empresas estratégicas nos dois países”, sublinhou. Acrescentou que “nós recebemos com muito agrado a disponibilidade da SINOPEC em investir mais no Upstream de Angola.
Há alguns blocos que estão disponíveis para negociações directas em qualquer momento”, destacou o governante, acrescentando que “gostaria que esse investimento não fosse só para os blocos com um grande potencial, mas que olhassem também para outros blocos que necessitam de investimento. O presidente da SINOPEC, Ma Yongsheng, augura cooperação vantajosa para as partes no desenvolvimento de negócio em Angola, referindo que Angola é dos países com quem cooperam intensamente no domínio do petróleo e gás e “aceitam o desafio de cooperar em novos domínios de energia e afins”.
Por seu turno, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol informou que existe uma parceria com a petrolífera chinesa já há algum tempo e que vai desde a exploração, produção e até à comercialização. “Penso que, com a orientação agora recebida, vamos aumentar esta relação. Estamos aqui para marcar realmente o nosso compromisso. Vamos precisar de transformar em actos aquilo que poderá ser a nossa relação futura”, sublinhou o presidente desta instituição.
Necessidade de tecnologia para exploração Na opinião do economista Henrique Pascoal, Angola busca cooperar com empresas chinesas no sector petrolífero pela necessidade que a indústria nacional tem de tecnologia de ponta para exploração, bem como a exploração de suas vastas reservas. Henrique Pascoal acredita que a cooperação entre os dois países é benéfica, pelo facto de a China oferecer recursos financeiros substanciais e experiência avançada nesse sector, tornando-se num parceiro atractivo para Angola.
“O acesso ao mercado chinês, que é um dos maiores importadores de petróleo globalmente, representa uma oportunidade crucial para assegurar uma demanda estável e lucrativa para o petróleo angolano”, disse. O economista referiu que a decisão de Angola de se retirar da OPEP reflecte sua busca por maior autonomia na formulação de sua política energética e acredita que a China seja o parceiro ideal, olhando para o volume de investimento do gigante asiático em Angola que também poderá aliviar as possíveis tensões entre os dois governos em função da dívida que Angola tem com a China.
No seu parecer, ao desassociar-se da OPEP, Angola adquire flexibilidade para ajustar a sua produção conforme suas próprias necessidades e objectivos económicos, sublinhando que tal mudança pode acarretar implicações diplomáticas e comerciais, visto que a OPEP desempenha um papel crucial na coordenação das políticas energéticas globais e na salvaguarda dos interesses dos países produtores de petróleo. “Enquanto a parceria com a China oferecer oportunidades significativas para o desenvolvimento do sector petrolífero de Angola, a saída da OPEP também suscita questionamentos sobre a influência internacional e a cooperação energética do país”, explicou.