O serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda apresentou, ontem, dois cidadãos que fazem parte de uma associação criminosa envolvida no homicídio, por carbonização, da cidadã que em vida se chamou Sebastiana de Fátima Rosário dos Santos Neto, de 57 anos de idade. Sebastiana foi traída pela comadre que tinha intenção de lhe roubar mais de 7 milhões de kwanzas
Estão detidos dois cidadãos nacionais, de 29 e 42 anos de idade, respectivamente, envolvidos nos crimes de ofensas graves à integridade física, homicídio qualificado em razão dos meios, espancamento, carbonização e roubo qualificado. O facto aconteceu no município de Luanda, no passado dia 9 de Março do ano em curso, por volta das 21 horas, no interior de uma residência pertencente à vítima.
A residência, localizada no distrito urbano da Maianga, bairro Mártires do Kifangondo, Rua da Igreja Mesquita, foi o palco escolhido pelos acusados que engendraram este crime, considerado bárbaro. Sebastiana de Fátima Rosário dos Santos Neto, de 57 anos de idade, foi traída pela sua comadre, uma cidadã angola de 42 anos de idade, que tinha como objectivo roubar os pertences da malogra- da, tais como jóias em ouro e valores monetários, depois de aperceber-se de uma viagem que a amiga faria para fora do país.
Segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda, Fernando de Carvalho, o acto bárbaro foi devidamente planeado pela acusada, desde o recrutamento dos elementos da quadrilha, a compra do combustível, a introdução destes na residência, bem como a informação sobre os bens que a vítima possuía. “Esta acção começou a ser desenhada quando a acusada se apercebeu que a vítima estaria a preparar uma viagem para os Estados Unidos da América e, no fatídico dia, a acusada efectuou uma ligação telefónica para a vítima a combinar um encontro na residência em causa.
No momento da chega- da da malograda, a comadre e os seus comparsas surpreenderam- na no corredor onde um dos marginais, em posse de um pano que continha gás lacrimogéneo, tapou-lhe a boca e as narinas, tendo provocado desmaio”, conta. Posteriormente, retiraram as chaves da casa e, já no interior, ataram os membros superiores e inferiores da vítima com braçadeiras plásticas e, com uma almofada, tentaram asfixiar a vítima. Não obstante, a acusada colocou uma braçadeira plástica no pescoço e, na agonia, a infeliz tentou lutar pela vida, mordeu-a no braço e esta, em fúria, pegou num machado e desferiu-lhe um golpe na região craniana – que lhe causou a morte imediata.
Queimaram a senhora para eliminar provas
A comadre, para se desfazer das provas do crime, retirou da sua bolsa uma garrafa de 50 ml de gasolina, jorrou sobre o colchão onde se achava o corpo da vítima, bem como no AC, para simular que o incêndio foi derivado de um curto-circuito. Na retirada, estes marginais roubaram um baú contendo diversas jóias em ouro, um cartão multicaixa do BFA com o valor de sete milhões e 900 mil kwanzas e quatro telemóveis de diversas marcas.
Para o pagamento dos seus comparsas, a acusada usou o cartão multicaixa roubado, retirando quatro milhões de kwanzas, através de TPA’s, em bombas de combustíveis e no mercado dos Congoleses. Após os operacionais do SIC Luanda terem tomado conhecimento desta ocorrência, se desdobraram em acções operativas que culminaram com a detenção de dois presumíveis autores, no dia 25 de Março do ano em curso.
Os mesmos já foram apresentados ao Ministério Público (MP) e lhes foi decretada como medida de coacção pessoal a prisão preventiva. Fernando de Carvalho, o SIC Luanda, através da sua direcção municipal de Luanda em coordenação com o Departamento de Com- bate aos Crimes contra as Pessoas, com base nas suas acções operativas, desmantelaram, parcialmente, a associação criminosa composta por cinco cidadãos, dentre as quais uma do sexo feminino.
“Dos cinco elementos, dois quais já estão detidos, com idades compreendidas entre 29 e 42 anos. Contudo, as diligências ainda estão em curso, para trazer aos au- tos os outros presumíveis autores em fuga”, disse. O SIC-Luanda, por meio do seu porta-voz, Fernando Carvalho, reitera o seu firme empenho no combate contra a criminalidade e apela à população, em geral, a se desvincular das práticas criminosas, porque “o crime não com- pensa”.