Em entrevista exclusiva a OPAIS, o director da agricultura na Huíla, Lutero Campos, abordou o estado actual do sector que dirige, a situação dos perímetros irrigados, a produção agrícola, com destaque para as fruta e os cereais. Avança que na primeira época espera-se colher mais de 100 mil toneladas de cereais
POR: Patrícia de Oliveira
Como está o sector da agricultura na província da Huíla?
O sector da agricultura funciona com normalidade. Na zona norte da província temos uma produção de cereais, leguminosas (feijão, grão,) raízes e tubérculos (batata-rena e doce, mandioca). No CentroLeste que abrange os municípios da Matala e Cuvango, além da agricultura, também destaca-se na pecuária com gado de pequeno e de grande porte.
O ministro da Agricultura, Marcos Nhunga, efectuou recentemente uma visita de trabalho na província da Huíla. Que resultados pode-se esperar?
O ministro da Agricultura, Marcos Nhunga, visitou os perímetros irrigados. Na mesma ocasião, inteirou-se das grandes fileiras de produção, nomeadamente, o milho, leguminosas, mandioca, vinicultura, as estruturas do sector pecuário tais como, as mangas de vacinação, inspecções sanitárias e as matanças de gado. O ministro Marcos Nhunga reuniu- se com os membros do sector empresarial, tendo abordado vários assuntos sobre a área florestal, bem como a contribuição para o programa de substituição das exportações.
O Sul do país registou, nos últimos anos estiagem. Em função disso, qual é a produção actual de cereais?
Na primeira época da presente campanha agrícola espera-se colher mais de 100 mil toneladas de cereais. Mas a agricultura não é apenas os cereais. Os camponeses que não conseguiram produzir na primeira fase vão tentar na segunda etapa. Temos ainda camponeses que estão na zona de regadio e vão produzir na terceira época. As culturas basilares, como são os casos dos cereais, tubérculos, feijão, a batata- rena, tomate podem ser produzidas até na terceira época.
Sabemos que as autoridades encontravam dificuldades para conservação de cereais. A situação foi ultrapassada?
Cada família camponesa tem o seu pequeno cílio denominado tulia, que serve para conservar o produto. Deste modo, quando o produtor transporta o cereal para o mercado encontra unidades de cílios onde pode conservar. Foram construídos cílios nos municípios do Cuvango, Matala, Caconda, na Vila Branca, município de Caluquembe. Estas são as quatro novas unidades de cílios. Por outro lado, existem as unidades de cílios erguidas no tempo colonial, situadas nos municípios do Lubango e da Matala, cuja função é só acolher.
Qual é a capacidade de cada uma das unidades de cereais?
A unidade da Matala tem capacidade para 12 mil toneladas de cereais, enquanto unidade do Cuvango 2.500 mil toneladas, a unidade da Vila branca2.300 mil e da Canconda 4.200 mil toneladas. Neste momento as unidades de cílios estão sobre gestão do sector privado.
A falta de meios de conservação de cereais faz com que haja um grande desperdício. Qual é a quantidade de cereais desperdiçado anualmente?
Não existe grande problema na conservação de cereais.
O município da Humpata destaca- se na produção de frutas. Como está a produção em termos de quantidade?
Posso dizer que o município da Humpata tem 460 mil plantas de fruteiras. Em termos de produção de citrinos a empresa “Nossa Terra” possui mais de 200 mil plantas nomeadamente laranja, tangerina, limoeiros e outros. A Humpata é uma zona de climas temperados onde a produção de frutas como a pera e maçã são as principais. Na safra de produção de peras existe muito desperdício por falta de fábricas de sumo e compotas.
Qual é quantidade desperdiçadas de peras?
No que diz respeito ao desperdício de peras está na ordem de 40%. Por isso muita fruta é vendida ao preço reduzido, uma vez que há períodos em que os camponeses produzem muita fruta, entretanto, o mercado não tem capacidade de absorção.
Que medidas estão a ser tomadas para alterar o quadro. Existe algum projecto para a construção de unidades fabris?
Foram construídas algumas câmaras para conservar a pera no município das Gangelas, no entanto, todo o produto que é conservado é comercializado com valor acrescentado, tendo em conta os custos e os consumidores nem sempre conseguem suportar. Penso que os projectos para construção de fábricas não podem ser da responsabilidade do Governo, mas sim do privado.
Onde é comercializada a fruta produzida na Humpata?
A maior parte da fruta produzida na Humpata é transportada para o norte do país.
O município da Matala é conhecido pela produção da batata-rena. Qual é a situação actual?
Começa a produção de batatarena na terceira época que começa em Maio, e a colheita é de Agosto até Dezembro. Temos na província um agente multiplicador de sementes de batata-rena que é a empresa Jardim da Yoba.
Qual é a previsão de colheita de batata-rena este ano?
A produção da batata-rena é condicionada em função da semente. Actualmente temos mais de 1000 agricultores a produzirem batata- rena. Alguns optam por sementes que permitem colher colher batata-rena em três meses. Em média, podem ser colhidas 15 mil toneladas por hectare, enquanto os pequenos produzem 6 mil toneladas por hectare.
O sistema de irrigação é um problema a nível da província?
O sistema de irrigação na província funciona com normalidade, porém, a dificuldade consiste na conservação do canal, que foi construído nos anos 50.
Como está o projecto de escolas de campo?
O projecto de escolas de campo tem a finalidade de ajudar as famílias camponesas, com aplicação de conhecimentos e técnicas para aumentar a safra, e o acompanhamento das culturas. Tudo o que é feito nas escolas de campo é replicado nas parcelas das comunidades. A partir deste projecto conseguiu-se fazer uma colheita na ordem de 7 mil toneladas de milho por hectare. Quer dizer que a produção poderá aumentar nos próximos tempos.