O mundo enfrenta hoje uma variedade de ameaças globais causadas por tensões nas relações internacionais. Jornalistas e peritos discutem cada vez mais prováveis cenários, desencadeando conflitos globais, que inclui o uso de armas nucleares.
Nestas condições, parece extremamente importante que os líderes mundiais dos principais centros de poder se abstenham de realizar uma política externa agressiva. Infelizmente, na Casa Branca aderem a outros pontos de vista. Washington acusa, regularmente, atitudes agressivas da China, Rússia, Irão, Coreia do Norte, às vezes, até mesmo de migrantes mexicanos. Ao fazer isso, os EUA, que num curto período da presidência de Donald Trump colocaram a Península Coreana à beira de um desastre nuclear, provocaram repetidamente o agravamento do conflito israelo-palestiniano, minando os esforços da comunidade internacional para resolver o conflito na Síria.
E também complicaram a situação em torno do programa nuclear iraniano. Espera-se que a administração americana adopte soluções apuradas não por causa da sua incapacidade, e em conformidade com a estratégia pensada. Muito difícil é supor que o Estado mais forte do mundo não seja capaz de avaliar as consequências das suas acções. A maior preocupação hoje é a política americana, em relação à Síria. Não há nenhuma dúvida de que Washington pretende construir a sua política no Oriente Médio com base, exclusivamente, nos seus próprios objectivos geo-políticos, ignorando os interesses de Moscovo, Teerão, Bagdad e até mesmo Tel Aviv, para não mencionar Damasco. No entanto, os eventos no Noroeste da Síria indicam que a Casa Branca está disposta a sacrificar aliados, em particular- Ancara. Obviamente, ao anunciar a criação da chamada “força de segurança de fronteiras”, os EUA deliberadamente provocaram o agravamento dos confrontos entre curdos e turcos.
Na verdade, os Estados Unidos decidiram preparar e armar 30 mil milícias das “Forças Democráticas Sírias”, cuja base constitui “os destacamentos de auto-defesa popular” dos curdos (YPG) – organização com a qual a Turquia de facto está em estado de guerra. Como resultado, no período de mais de um mês na cidade síria de Afrin os combates recrudescem com um grande número de vítimas entre os curdos, turcos e civis sírios. Aparentemente, Washington decidiu lembrar a Ancara, que os países da OTAN devem resistir com todas as forças as abordagens de Moscovo, e não construir com ele um diálogo construtivo e, ainda mais, não negociar a compra de armas russas em vários biliões de dólares. O mais provável é que seja o secretário de Estado norte-americano a transmitir estas teses ao Ministério das Relações Exteriores turco e ao presidente Tayyip Erdogan durante uma visita à Turquia, mas os turcos não mais estarão dispostos a se tornarem numa marionete da Casa Branca. Ao contrário, num futuro próximo, a Rússia, o Irão e a Turquia poderão realizar uma série de negociações, incluindo entre os líderes desses países, por questões de estabelecimento da paz no Médio Oriente. A este respeito terá de esperar por novas provocações do lado do “líder do mundo livre”.