Albano lussati afirmou, em exclusivo a opAíS, que o processo de crédito para os camponeses continua muito burocrático e que muitos dos beneficiários não são agricultores, sublinhando que nem possuem terras
POR: Borges Figueira
O crédito de campanha agrícola deve ser reestruturado de forma a beneficiar directamente o próprio camponês, defendeu nesta Segunda-feira, em Luanda, o presidente da Confederação das Associações e Cooperativas Agro-pecuária (Unaca) Albano Lussati. “O crédito de campanha deve ser reestruturado para que o mesmo beneficie directamente os próprios camponeses. Por outro lado, o crédito deve merecer, igualmente, um acompanhamento”, considerou, acrescentando que os operadores agrícolas precisam de avançar com projectos estudados localmente, pois existem projectos elaborados nas estruturas superiores do Estado e quando chega à base não têm credibilidade.
O responsável que falava ao Jornal OPAÍS, fez saber que a diversificação da economia não pode ficar apenas pelo papel, deve ser materializada e, para o efeito, é necessário que os bancos comerciais façam uma abertura do crédito, bem como criar condições para o acompanhamento de toda a extensão rural. Por outro lado, Albano Lussati afirmou que os técnicos agrónomos devem abandonar os gabinetes para estar junto dos camponeses nos campos de cultivos, para que haja acompanhamento dos meios adquiridos, nomeadamente, adubos, sementes e equipamentos técnicos como tractores, charruas, entre outros meios. “Até hoje ainda não recebemos nenhum relatório de uma cooperativa ou associação de camponeses que beneficiou de um crédito bancário. O crédito de que tanto se fala é de alguns bancos que vão junto de pequenos projectos.
Hoje, os camponeses já têm uma visão diferente e USD 100 é insuficiente para dar resposta aos problemas”, afirmou. Referiu ainda que os camponeses já conseguem explorar cinco ou mais de 10 hectares de campos de cultivos e existem cooperativas com mais de 150 hectares. Por isso, acredita que o crédito de campanha deve ser reestruturado, no sentido de beneficiar directamente o próprio camponês. “Muitos beneficiaram destes pacotes de crédito, designadamente, o micro-crédito, crédito de campanha e Angola/Investe. No entanto, o que se passa é que as cooperativas também concorreram e muita delas não receberam, mas aqueles que se identificaram com projectos agrícolas, muito deles, que nem sequer tinham terra própria para trabalhar, foram beneficiados”, desabafou. Albano Lussati afirmou ainda que, actualmente, para se obter um crédito junto das instituições bancárias o processo é muito burocrático e, muitas vezes, os camponeses chegam mesmo a não receber o pretendido crédito. Confederação das Associações e Cooperativas Agro-pecuária (Unaca) controla actualmente ao nível nacional cerca de mil e 50 associados, 2.900 cooperativas, e 8 mil associações de camponeses.