Laurindo António Cutatoca morreu em consequência de um disparo de arma de fogo quando se recusava a ser detido e, consequentemente, acompanhar dois agentes da Polícia de Ordem Pública à Divisão de Cacuaco
Por: Romão Brandão
O cidadão de 36 anos regressava de um momento de convívio com a sua cunhada e uma vizinha, Bernarda Dumbo, quando foram subitamente interpelados por dois agentes da Polícia afectos à Divisão de Cacuaco, que se encontravam em serviço, no bairro dos Imbondeiros, Vila de Cacuaco, entre os quais Garcia António Manuel, o agente que efectuou o disparo.
Bernarda revela que não se recorda do que a cunhada da vítima, Eva, terá dito ao polícia que levasse o mesmo a zangar-se e que por sua vez lhe faltasse ao respeito, ao ponto de Laurindo partir em sua defesa. “Ele [Laurindo] disse ao polícia que não podia ofender assim a sua cunhada e que devia respeitá- la, até porque é um agente da ordem. Este desentendimento levou o polícia a algemá-lo e, consequentemente, obrigá-lo a ir à esquadra”, relatou.
Por tratar-se de um indivíduo de grande porte físico, o agente teve dificuldades em fechar as duas bocas das algemas, pelo que o cidadão ficou algemado apenas no braço direito. Laurindo exigiu repetidamente que o deixassem em paz, pois não tinha feito nada, mas os agentes, empregando a força, insistiam em leválo à cadeia.
O jogo do “larga e não larga”, entre os polícias armados e o cidadão indefeso, terminou depois de uma distancia de aproximadamente 200 metros ter sido percorrida, quando o agente de 3ª classe, Garcia Manuel, sentenciou “você é muito remitente”, e fez o disparo.
A entrevistada, face àquela situação, protestou contra o polícia e este advertiu que far-lhe-ia o mesmo caso “brincasse”, pelo que Bernarda Dumbo nada mais pôde fazer. Quando o polícia fez o disparo, a cunhada tinha-se posto em fuga para avisar a família de que Laurindo estava detido e a ser encaminhado à cadeia.
Mas, infelizmente, já de regresso, encontra o cunhado sangrando, estendido no chão. Fora baleado pelo mesmo polícia com o qual se desentendeu. Pediram socorro, e, para espanto de todos, o carro que parou foi um Hiace que viera à busca dos polícias, para a popálos da fúria da população.
A demora em ser socorrido causou- lhe a perda de muito sangue, e chegado ao Hospital Municipal de Cacuaco, Laurindo só viveu durante 30 minutos. O malogrado deixou viúva e uma órfã.
“Quando lhe deram tiro, eu não estava lá. Eu quando saí para vir chamar os meus irmãos, ainda lhe deixei vivo. O polícia nos mandou parar e tinha perguntado se estávamos a sair aonde e eu respondi que vínhamos de um convívio. Depois disso, o polícia me faltou respeito e isto fez com que o Tio Laurindo se zangasse. Depois disso, vim chamar os meus irmãos”, relatou Eva, a cunhada.
O acusado está detido na Divisão de Cacuaco, contudo, a família suspeita que o mesmo poderá não ser responsabilizado pela morte de Laurindo, pelo que exige que se faça justiça, para que o acto não fique impune.