Era o município de Luanda que, há coisa de seis dias, não tinha nenhum caso de cólera, mas já conta com duas mortes, entre as quais a de uma criança de sete anos
A directora municipal da Saúde do Mussulo, Teresa Jamba, declarou que se registaram duas mortes por cólera, há menos de seis dias, já que a referida municipalidade era a única que não tinha registado nenhum caso dessa doença.
“Nós tivemos uma morte na se- mana passada e outra, nesta semana. Tratou-se de uma criança de sete anos e um senhor de 32. Por isso, olho com muita preocupação esse quadro, uma vez que, no Mussulo, não tem água potável e a maioria da população usa água das cacimbas”, lembrou a directora municipal, para quem o saneamento básico também constitui uma grande preocupação. À Teresa Jamba inquieta, igualmente, o facto de quase 60 por cento dos habitantes ainda defecar ao ar livre.
Pelo facto de ser considerada como uma ilha, o Mussulo é uma zona vermelha, soube O PAÍS da entrevistada, que, nessa altura, fala de um aumento considerável dos casos. “Já estamos com 32 casos e tivemos dois falecidos. Mas estamos a trabalhar nas medidas de biossegurança e com as comunidades.
Nós temos ADECOS (Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário), que estão a funcionar nas localidades com as comissões de moradores e com as autoridades tradicionais, fazendo mesmo mobilização e ensinando as populações sobre os sintomas da cólera e como prevenir essa doença.
A líder municipal da Saúde garantiu que trabalham com uma equipa vasta que integra os bombeiros, os técnicos do ambiente, a polícia e as autoridades tradicionais, tendo à testa a administração municipal, na pessoa do administrador. “Independentemente deste trabalho que temos feito, sabemos que quase toda a população do continente faz praia aqui, tendo essa região como uma zona de lazer.
Por essa razão, era expectável que, a qualquer momento, entre o pessoal que faz a travessia, alguém contagiasse os moradores locais, isso se partirmos do ponto de vista de que lá do outro la- do temos muitos casos confirma- dos”, frisou. Por outro lado, Teresa Jamba, admite também que, pelo facto de a população do Mussulo trabalhar no lado do continente, era de se esperar esses casos de cólera no município. Informou que todos os casos já tiveram alta.
“Agora, temos a equipa de saúde pública provincial e nacional a trabalharem já há cinco dias aqui no Mussulo, contactando as medidas de biossegurança, o Centro de Tratamento da Cólera (CTC) e outras campanhas que contribuem para travar o avanço da doença”, declarou.
Outras duas unidades de tratamento foram criadas, sendo uma no bairro Buraco e outra na Ponta da Vara, já que a maioria dos casos que foram parar na CTC da sede municipal provieram dessa última região. Esta unidade aberta lá serve para minimizar os casos aqui no CTC.
A equipa multissectorial do Ministério da Saúde que esteve, novamente, na manhã de quarta-feira, no Mussulo, mostrou-se preocupada com a convivência de condutas de água residuais e fontes de água, tendo recomendado que se fizesse algum esforço para se separarem os canais em causa.
O administrador municipal Baudílio Vaz assegurou que o combate contra cólera constitui prioridade para o seu pelouro, razão pela qual, de algum tempo a esta parte, nessa restinga de Luanda, se observa uma campanha de limpeza massiva, na qual tomam parte instituições do estado e a comunidade. Esta actividade é reforçada com campanhas de sensibilização e mobilização das populações