Em muitos casos, a pretensão do governo em relação à produção em grande escala se tem esbarrado no encarecimento de fertilizantes e outros insumos agrícolas – admitem agricultores. Neste particular, o ministério da Agricultura e florestas, que tem à testa o engenheiro Isaac dos Anjos, tem responsabilidades acrescidas, não estivesse o país engajado a combater a importação de produtos que os pode produzir localmente
A gricultores ouvidos por este jornal, à margem da sétima conferência da Revista Economia e Mercado, realiza da recentemente em Benguela, andam à boleia de uma afirmação do ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, de acordo com a qual o país gastava 1,4 mil milhões de dólares na compra de bens de primeira ne cessidade.
Chamado a proferir o discurso de abertura do certame, o governante é apologista de que essa «dinheirama», como a qualificou, tenha sido destinado de forma diferente, potenciando camponeses e outros produtores no fomento à produção de alimento.
Quem trabalha com a terra sustenta que, actualmente, grande parte dos produtores se debate com a questão relativa às pragas contra as quais lutam.
Em determinadas circunstâncias, pragas como a tuta, por exemplo, que afecta a cultura do tomate, têm devastado grandes quantidades de hectares de terra.
O agricultor Victorino Marques reclama dos preços de alguns insecticidas para o com bate à grande parte de pragas que assola o Dombe-Grande, sua zona de acção, e, em virtude disso, acena para o Governo, porquanto alguns agricultores pequenos ou grandes não têm tido acesso aos medicamentos por causa do preço aplicado no mercado.
“O acesso ainda não é a 100 por cento. É muito caro, mas vamos tendo algumas melhorias”, resume o produtor. O ministro Isaac dos Anjos junta-se ao clamor de agricultores e vai mais longe, ao afirmar que, nos tempos actuais, a segurança alimentar, em África, tem estado comprometi da por conta de pragas. Porém, Dos Anjos não avançou aos produtores, no certame acima aludido, as medidas que, internamente, o seu ministério está a adoptar para se inverter o quadro. O facto de o governante ter admitido insuficiência produtiva alimentar significa muito para o agricultor Noé António, que também exerce a sua actividade no vale irrigado do Dombe -Grande.
Aquele homem do campo é defensor de uma resposta à altura por parte das autoridades para mitigar o problema, sendo certo que, como sublinhou, a medida de que se espera é uma espécie de subvenção à agricultura, de modo a que sejam capazes de adquirir os insecticidas.
Reconhece que, nos dias que correm, a praga tuta, que de vastava grandes quantidades de cultura de tomate, já não constitui problema no Dombe-Grande, que é tão-somente um dos melhores produtores de tomate de Angola.
“As zonas onde se produz tomate também não têm um equilíbrio, porque não cai chuva. Benguela e Namibe, nessa orla marítima, não há chuva”, lamenta. Em zonas com um nível de precipitação bastante acentua do, não se registam lá grandes problemas com pragas, porque a água da chuva pode constituir-se numa espécie de antídoto.
Entretanto, tal não acontece em regiões como Benguela, por exemplo, onde dificilmente chove. De resto, os agricultores com quem este jornal privou sustentam que, para essas regiões, o Governo precisava de prestar uma atenção especial, pondo à disposição de agricultores os insecticidas de que se precisa para combater pragas.
“Hoje os medicamentos para combater as pragas são difíceis, sobretudo aqueles produtos que estão no mercado.
Um litro custa 400 e tal mil kwanzas e, como sabem, muitos agricultores não conseguem”, admite Noé, ao apontar esse factor como a causa de subida de alguns produtos no mercado, a começar, desde já, pelo próprio do tomate, sem perder de vista, por exemplo, a questão do feijão, cujos preços estão muito aquém do desejado.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela