Por décadas, têm perseverado, produzindo obras que capturam aspectos culturais, sociais, económicos e políticos do país. Apesar de surgirem novos artistas, os mais antigos continuam a executar os seus trabalhos, não com a mesma dinâmica de antes, dedicando-se agora a outras áreas do saber, tudo pelas dificuldades enfrentadas.
Chegados aos 50 anos de independência nacional, a expectativa é de que o país assuma uma postura mais assertiva em relação às artes plásticas, apostando cada vez mais na formação dos artistas. Para os profissionais, tudo dependerá de investimento no sector e a implementação de políticas que estimulem o consumo de arte.
Ao falar dos 50 anos de artes plásticas nacional, António Tomás Ana “Etona”, uma das figuras que se destaca nesta área conta que, nos primeiros anos de independência, durante a liderança de António Agostinho Neto, houve iniciativas notáveis voltadas à formação de instrutores de arte. No entanto, após a sua morte, essas acções foram perdendo força, prejudicando a formação de novas gerações de artistas e de um público consumidor de arte.
Nomes como Viteix, Hervi Cabral, e outros ícones das artes plásticas angolanas deixaram um legado inestimável. Contudo, disse, suas contribuições muitas vezes não receberam o reconhecimento necessário, reflexo de um sistema que negligencia a importância da ar- te como elemento central para a identidade e coesão de um país.
“Claro que houve algumas individualidades, entre elas o Viteix, Hervi Cabral, Guinapo, e outros, ou mesmo até Luandino Vieira também aparece como artista plástico, Mesquita, então acabou por se separar esses grupos, acharam que não era preciso aglutinar nesse mesmo segmento dos escritores, mas que podiam estar à parte, e foi nessa condição que se lhe referenciam no ser entregue a casa menos valada, que hoje se constitui como a sede da UNAP”, disse o artista, em conversa com OPAÍS.
Segundo Etona, o mercado de artes plásticas em Angola é marcado por desorganização e desinteresse das autoridades responsáveis. Muitos artistas enfrentam dificuldades não apenas para expor as suas obras, mas também para encontrar consumidores que valorizem o trabalho artístico como património cultural e expressão criativa.