O Governo angolano quer impulsionar a produção nacional de materiais de construção, traçando, como prioridade, o uso de materiais de produção local em projectos como o programa de autoconstrução dirigida.
Este programa será um dos grandes marcos do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2025, tendo como objectivo a redução da dependência de importações e impulsionar a economia local.
Numa visita de trabalho a unidades industriais do sector da construção, realizada ontem por uma delegação governamental encabeçada pelo ministro de Estado para Coordenação Económica, José de Lima Massano, ao Pólo de Desenvolvimento Industrial de Viana (PDIV) foram traçadas estratégias para tornar os materiais construção nacional como prioridades.
Na visita realizada nas instalações da Ferpinta Angola e da Extrulider-Companhia Angolana de Alumínio, em que estiveram presentes também representantes dos Ministérios da Construção e da Indústria e Comércio, além da Associação das Empresas Produtoras de Materiais de Construção, o governo deixou claro que pretende atender à procura e estimular o sector industrial a operar em plena capacidade.
O ministro da Construção, Carlos dos Santos, salientou que o diálogo com os produtores é fundamental para alinhar acções que favoreçam a autossuficiência no fornecimento de materiais.
“Temos projectos aprovados no Orçamento Geral do Estado para 2025 que vão ter início em breve, e esta concertação com as associações é crucial. Precisamos focar na produção nacional, que gera emprego, reduz custos e dinamiza a economia”, afirmou. Segundo o ministro, as indústrias nacionais ainda produzem muito abaixo de seu potencial, com a utilização de apenas 30% da sua capacidade instalada.
“Se aumentarmos a procura interna, as empresas poderão produzir mais, reduzir os custos e alcançar a economia de escala”, explicou. Outro ponto destacado foi o compromisso do Governo em melhorar a qualidade dos materiais produzidos internamente.
O Laboratório de Engenharia de Angola (LEA) desempenhará um papel central na certificação de produtos, garantindo que atendam aos padrões técnicos necessários para projectos habitacionais e infraestruturas.
“A certificação e a redução de preços são objectivos fundamentais para que possamos, de facto, utilizar mais os materiais produzidos localmente”, enfatizou Carlos dos Santos. Pavimentos Rígidos e Infraestrutura entre os projectos destacados, o Governo planeia intensificar a utilização de pavimentos rígidos, feitos com betão, para a construção e manutenção de estradas.
De acordo com o ministro, esta solução apresenta vantagens significativas em termos de durabilidade e custos de conservação. “Os pavimentos rígidos não só aumentam a longevidade das nossas estradas, como também impulsionam a produção nacional de cimento e criam mais empregos”, destacou.
Visão integrada da indústria
O ministro da Indústria e Comércio, Rui Minguês, enfatizou a importância de eliminar entraves burocráticos no sector. “A redução de custos e a simplificação de processos de importação e exportação são essenciais para que as indústrias possam aumentar a sua produtividade e oferecer materiais mais acessíveis ao mercado”, afirmou.
Durante a reunião, Rui Minguês também apontou a necessidade de as indústrias ampliarem a sua produção para atender à procura interna. “A baixa utilização da capacidade instalada é um problema crítico.
Com este diálogo, buscamos soluções conjuntas que beneficiem não apenas o sector produtivo, mas também a população, ao oferecer materiais de construção mais baratos e de melhor qualidade”, acrescentou. Participação das Indústrias Locais.
O vice-presidente da Associação das Indústrias de material de Construção e diretor-geral da fabrimetal, Luís Diogo, disse que os desafios enfrentados pelo sector, prendem-se com a necessidade de maior controle sobre as importações e os altos custos de produção. Actualmente, as 38 empresas associadas à entidade operam entre 20% e 30% de sua capacidade.
“A fabrimetal, por exemplo, utiliza sucata reciclada como matéria-prima para a produção local, mas ainda enfrentamos desafios relacionados aos custos e à competitividade no mercado. se conseguir- mos aumentar a produção, reduziremos custos e fortaleceremos a economia nacional”, explicou Luís Diogo.
A associação emprega cerca de 5.500 trabalhadores nacionais e mantém uma força de trabalho estrangeira de aproximadamente 500 pessoas, representando entre 5% e 10% do total. O encontro culminou em compromissos claros para dinamizar o sector.
Além da priorização dos materiais locais no programa de auto- construção dirigida, as autoridades e as indústrias pactuaram trabalhar em conjunto para aumentar a qualidade, reduzir custos e garantir a certificação dos produtos nacionais.
POR:Francisca Parente