O Kimbundu é a língua natural de Luanda, constituindo-se no substrato do português nessa localidade. Trata-se de uma língua bantu do sul de África, falado em províncias angolanas como Malanje, Cuanza-Norte, Bengo, Cuanza-Sul, Luanda, etc.
O Kimbundu é, por sua vez, a língua bantu que mais contribui para a interferência do português de angola, mormente, o falado em luanda. Maria Helena Miguel, in Dinâmicas da Pronominalização do Português de Luanda.
O português de Angola apresenta grandes interferências das línguas nacionais (kimbundu, umbundu, kikongo, etc.) devido ao forte contacto com eles, porquanto que uma grande parte da população é bilingue ou plurilingue (poliglota, como sugerem alguns).
O casamento que o português tem com o Kimbundu faz com que ele adquira seus aspectos linguísticos a nível da sua estrutura sintática, morfológica, lexical, fonética, etc.
Sem muito exercício mental, vemos, por exemplo, a nível da gastronomia, termos advindos do Kimbundu, muitos deles sem equivalentes em português, tais como: jimboa, kizaca, funji, calulu, mufete, jinguba, muzongue, muamba, kitaba, kifufutila, bombó… A nível da toponímia, a maior parte dos nomes de localidades de Luanda são oriundos do Kimbundu em relação a qualquer outra língua.
São exemplos: Fubú (significa zona de poeira, de fubular), Kilamba (), Camama (aqui na mamã), Ingombota (), Mussulo (), Talatona (tala-olha, abre o olho), Cazenga (), Samba (Ora, do verbo orar), Honga (), Maculusso (cruz), Maianga (caçador), Luanda (lugar de feiti’ço), enfim.
A nível da Zoonímia: palanca, gunga, kissonde, kambwa, etc. A nível da antroponímia verificamos vocábulos muito populares na língua coloquial de Luanda, a saber: Kamba (amigo), kota (velho ou mais velho), kumbu (dinheiro), kinda (cesto), cacimbo (nevoeiro), dioba (fome), maka (problema), seculo (mais velho)…
Por: MATEUS VUNGE (THADÉLCIO)
Referências: Professora-Doutora Maria Helena Miguel – Consulta Oral