O secretário provincial da Saúde disse que, neste momento, o paciente encontra-se numa área isolada, estando uma equipa médica preparada para o cumprimento protocolar da terapêutica, de modo a criar todas as condições para transferir o doente para um outro ponto.
Segundo Rúben de Fátima Buco, depois disso, serão feitos alguns exames subsequentes para um diagnóstico diferencial da doença, já que há outras doenças que cursam com as mesmas manifestações clínicas.
“Temos que descartar todas as possibilidades para que, de facto, possamos diagnosticar correctamente e conduzir a uma pauta terapêutica também correcta”.
Adiantou que há uma equipa de vigilância epidemiológica de respostas rápidas com a rede laboratorial que se deslocou ao local, sem, no entanto, informar o lugar onde se encontra localizado o paciente, que apresenta, em função do diagnóstico clínico, fortes indícios que indicam a doença.
A nossa fonte esclareceu ainda que as amostras recolhidas ao paciente foram já enviadas a Luanda para um diagnóstico mais apurado, uma vez que a província de Cabinda não dispõe de condições laboratoriais para um diagnóstico de certeza, mas que, de acordo com Rúben de Fátima Buco, em função do quadro clínico existem fortes indícios de se tratar de um caso de varíola dos macacos.
“Estamos a criar condições para que no futuro tenhamos um laboratório para esses exames localmente, no sentido de evitar esses constrangimentos de termos que esperar os resultados que vêm de Luanda que, muitas vezes, há desperdícios, porque na transportação pode haver algum comprometimento”, sublinhou.
Medidas de contingência
A província de Cabinda encontra-se geograficamente localizada entre as Repúblicas do Congo Brazzaville e a RDCongo, dois países onde se registam actualmente casos de óbitos por Mpox ou varíola dos macacos. Segundo Rúben de Fátima Buco, a província tem um plano de contingência já definido, no sentido de conter a situação.
A comissão multissectorial criada para o efeito elaborou uma definição do caso para ter o mesmo alinhamento do ponto de vista clínico epidemiológico, assim como estabelecer as balizas que vão levar à identificação precoce de eventuais casos suspeitos que merecerão a atenção das autoridades.
Localmente, as autoridades da saúde procuram não só reforçar os materiais de biossegurança, como apelar à população na insistência de continuar a lavar as mãos com água e sabão e olhar na perspectiva dos mecanismos de transmissão da doença, através do consumo e manipulação da carne de macaco.
“Acima disso, é capacitar os nossos profissionais e as nossas forças de defesa e segurança e ordem interna no sentido de estarem todos alinhados de forma transversal para terem o domínio das principais manifestações clínicas da doença e no interrogatório epidemiológico estabelecerem-se as balizas para o combate da enfermidade”, referiu Rúben de Fátima Buco, acrescentando que as autoridades estão em estado de alerta e as equipas de vigilância epidemiológica e de mobilização social estão a trabalhar no sentido de sensibilizar e educar a população no que diz respeito à biossegurança, à manipulação ou ao consumo da carne de caça, à lavagem obrigatória das mãos e ao uso de luvas na manipulação de doentes, sobretudo quando desconfiados de terem varicela ou sarampo.
Aconselha-se a população a ter cautela no consumo e manipulação da carne de macaco, bem como a ter cuidados na convivência diária entre as populações que vivem ao longo da fronteira comum.
“O país ainda não confirmou nenhum caso de varíola dos macacos ou Mpox, mas temos de criar condições, porque a nova estirpe, para além de ser altamente infecciosa, é muito violenta, altamente transmissível e contagiosa e tem uma particularidade de ser altamente letal”, referiu o secretário provincial da Saúde.
Acrescentando que “entre casos da doença regista-se óbito, o que nos leva a prestar toda atenção e estarmos preparados para a educação para a saúde da nossa população com o contributo das autoridades religiosas, tradicionais, os alunos e toda comunidade.”
A fronteira terrestre da província de Cabinda com os países vizinhos é muito vasta, registando diariamente a entrada ilegal de cidadãos estrangeiros, um facto que merece a atenção e preocupação das autoridades sanitárias.
Por este facto, Rúben de Fátima Buco apela à população e demais sectores a ajudarem na supervisão e na fiscalização, olhando os aspectos principais que norteiam o quadro clínico para informar rapidamente as autoridades sanitárias.
O que é a doença da varíola dos macacos?
A varíola dos macacos é uma doença zoonótica transmitida de macaco para o homem, através de contacto directo ou indirecto com o animal infectado por meio de fluídos, consumo ou manipulação da sua carne.
Também pode ser transmitido de homem para homem, através das vias respiratórias, sangue, fluidos, secreções nasais e por meio de transmissão vertical de mãe para filho no momento do pós-parto. O período de incubação da doença é de 6 a 13 dias, podendo variar de 5 a 21 dias. As autoridades sanitárias advertem a ter muito cuidado com a doença, já que no período de incubação de 5 a 21 dias, uma pessoa pode estar a conviver com alguém sem saber que ela esteja contaminada.
A responsável do departamento de Saúde Pública no município de Cacongo, Maria Apolónia, advertiu que a doença é bastante perigosa, porque os seus efeitos secundários podem afectar a córnea e causar problemas de visão ao doente.
“Se for diagnosticado precocemente e tomarem-se as medidas adequadas, dificilmente a pessoa morre, mas, quando atrasar o tratamento, pode levar à morte”, explicou. Os sintomas são manifestados mediante febres altas e presença de borbulhas em forma de varicela.
POR:Alberto Coelho, em Cabinda