Não há um único dia hoje no país em que a alta dos preços dos alimentos não invade os círculos em que se pretende iniciar qualquer tipo de conversa. São inúmeras as donas de casa que lamentam os aumentos constantes.
Nos mercados informais, lojas onde se vende a retalho, assim como nos grandes grossistas, dois ou mais dias podem significar, igualmente, um ligeiro aumento em qualquer produto.
Trata-se de bens de primeira necessidade cultiváveis neste vasto território que compõe Angola, podendo até, em caso de excedentes, serem exportados e com isso obter as necessárias divisas que tem sido um dos maiores quebra-cabeças até para o próprio Estado.
Só que nas ruas, ruelas, becos, locais de trabalho, escolas e noutros recintos são várias as ideias levantadas em relação aos aumentos que se observam, sendo uma delas a imputação de responsabilidades acreditadas ao próprio Executivo como sendo o maior culpado do aumento dos preços do arroz, fuba, milho, trigo, feijão, carnes, peixe e outros alimentos.
Há até quem faça comparações em relação aos preços existentes há sete ou oito anos, menos- prezando as externalidades negativas ou positivas que possam estar por trás do aumento destes, alguns dos quais relacionados a factores que as decisões nacionais não conseguem sequer travar.
Na verdade, ainda persiste o sentimento quase nacional em muitos angolanos, incluindo políticos e até decisores, de que será por via administrativa que se conseguirá reduzir os preços dos bens de primeira necessidade e outros, quando os exemplos que vimos de muitos países que só foi conseguido com o aumento da produção nacional.
A economia de navio, assente durante anos, que fez com que a importação de produtos fosse monopolizada por conglomerados internacionais – patrocinado até por figuras de proa do innercircle nacional – foi um dos caminhos para o enriquecimento rápido de muitos.
E de igual modo de empobrecimento da economia nacional, servindo igualmente de travão para que se impulsionasse de uma vez por todas a agricultura em Angola.
Mais do que meros expedientes para se contornar o momento que se vive hoje, crítico em muitos sentidos, a segurança alimentar de Angola dependerá de si mesma, ou seja, dos seus cidadãos, principalmente os que têm apostado seriamente na agricultura familiar e intensiva.
É esta a maior ‘guerra’ que se deve travar para que saiamos da penúria que vai afectando milhares de famílias.