A prótese e ortótese ortopédicas, feitas com garrafas de plástico, produtos da startup BioRec, não são o limite desta startup que pretende agora produzir cadeiras de rodas e ortótese dentária. Edson Lukombo, o responsável, clama por apoios de instituições ou entidades individuais nesta empreitada
Astartup BioRec pertence a uma incubadora, constituída por sete jovens com idades compreendidas entre os 18 e 22 anos, que recebem formação em engenharia mecânica e fisioterapia.
Segundo Edson Lukombo, o mentor da startup BioRec, actualmente a sua equipa presta serviço apenas numa única empresa, localizada na Namíbia, que se dedica à produção de prótese, mas não à base de garrafas de plástico.
As discussões ainda decorrem com a finalidade de que a BioRec venha a comercializar as suas próteses. A nível nacional, cinco empresas mostraram interesse em comercializar a prótese feita com garrafas de plástico, mas, de momento, ainda tratam de questões burocráticas.
As duas máquinas impressoras que têm, com capacidade de imprimir por dia 20 ortóteses e 40 próteses semanalmente, ainda não atingiram esta cifra, e estão apenas a explorar 5% da produção.
Em breve, a BioRec passará a produzir não apenas próteses, mas materiais ortopédicos, cuja principal matéria-prima são as garrafas de plástico, como cadeiras de rodas e ortóteses (apoio externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos funcionais do sistema neuro-músculo esquelético, para a obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica).
De acordo com Edson Lokombo, inicialmente as próteses eram doadas, porém, registaram a necessidade de passar a comercializá-las. Ainda assim, está em carteira um programa onde a equipa vai beneficiar 10 pessoas carentes.
Está também programada a produção de mais de 40 ortóteses dentários. Para atender à capacidade actual que tem e aumentar a cifra, Edson Lukombo frisou que o sonho é ver a sua startup numa grande empresa vocacionada na produção em massa de próteses, feitas com garrafas de plástico.
Disse ser necessário que tenham apoios de instituições públicas, privadas, entidades singulares ou colectivas.
“Não estamos a falar de milhões, mas sim de um valor que possamos comprar talvez uma máquina impressora, alugar um espaço próprio ou pagar internet, ferramentas que precisamos por agora”, disse.
No que concerne às dificuldades, Edson Lukombo contou que a maior está nos equipamentos, ou seja, as impressoras, pois a matéria-prima, que são as garrafas de plástico, não constituem obstáculo.
Apelou às empresas nacionais para que abracem o seu projecto, de modo a disseminar o negócio, tendo em conta que, por agora, apostaram na formação de novos jovens na área de projecção de próteses, designada por “BioRec na tua escola”.
Direccionado aos profissionais da área de saúde, a formação é composta por cinco módulos e cada um custa 15 mil kwanzas.
Com objectivo de ajudar um amigo nasceu a BioRec
Estudante do ensino superior, no curso de mecânica, Edson Lukombo é formado também em gestão de produto pelo instituto Ravina, no Brasil. Conta que a ideia de criar a startup BioRec surge numa campanha de limpeza, ao ver a quantidade de lixo que devia ser aproveitado.
E mais, um dos seus colegas sofreu um acidente de viação e per- deu um dos membros inferiores, tendo ficado a questão de como ajudá-lo. “Durante o estudo de valorização de produto, o desafio era desenvolver um projecto que fosse impactante.
Já tinha a ideia de reciclar as garrafas plásticas, mas para transformar em blocos ou um outro objecto significativo”, disse Edson Lukombo. Edson Lukombo referiu que passou a estudar mais sobre a garrafa de plástico e entendeu que o produto pode ser usado como um polímero, que pode ser usado dentro de uma máquina impressora.
O estudo foi-se desenvolvendo e saiu o primeiro protótipo, que era uma mão. Pelo facto, entre colegas houve a sugestão de imprimir uma prótese. Edson Lukombo conta que não sabia o que era exactamente, uma vez que não dominava a área, pelo que teve de frequentar o centro de reabilitação de Viana para melhor perceber o produto.
Depois da visita ao centro de reabilitação, foi construído o primeiro protótipo de prótese, que baptizaram de Okula (raiz, na língua nacional umbundu).
Saiu com muitas falhas, mas foi apresentado mesmo assim em vários programas que participaram, nomeadamente Lispa Jumpstartup, da Acelera Angola, PayPay Investimento, Angotic e Desafios Genial, da UNICEF.
Conquistaram o primeiro lugar e, com o valor arrecadado do prémio, foi possível desenvolver um protótipo melhor, que foi oferecido a um jovem encontra- do numa das viagens que faziam de autocarro.
Depois de mais produção, o trabalho foi apresentado na Angotic e os jovens voltaram a ser premiados pelo mesmo. “Com mais um prémio, começa- mos a levar a ideia mais a sério, a ver pelas necessidades dos utentes, e a equipa decidiu criar um nome para a startup que passou a se chamar BioRec (vida e reco- lha)”, fez saber Edson Lukombo.