Pouco tempo depois, o Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior em Angola voltou a apresentar, ontem, em Luanda, os resultados da segunda apreciação efectuadas às universidades que leccionam cursos de saúde, reconhecendo-se a existência de inúmeros problemas a nível das instituições vistoriadas.
À semelhança do primeiro acto, que ocorreu há pouco mais de dois meses, os números apresenta- dos neste segundo acto demonstram, claramente, a inexistência de condições para que se leccionem cursos de saúde em muitas instituições do país de Cabinda ao Cunene.
Dos 115 cursos de saúde inspeccionados, conforme dos dados avançados, menos de 50 por cento receberam o aval da equipa composta por quadros ligados ao ensino superior e à academia provenientes de países como Portugal, Brasil, Cuba, São Tomé e Príncipe, Zimbabwe e Cabo Verde.
Somente 55 cursos foram acreditados, o que não deixa de ser preocupante, depois de um primeiro chumbo há poucos dias, em que se viu que as condições de formação em muitas universidades e institutos superiores com formações em saúde eram feitas distante das exigências necessárias para o efeito.
Inspeccionados de Cabinda ao Cunene, as universidades ou institutos superiores, que viram os seus cursos chumbados, não poderão receber novos alunos nos próximos dois anos, altura em que serão realizadas novas inspecções para se averiguar o cumprimento das recomendações deixadas pelas equipas do INAAREES.
As decisões tomadas acabaram por enfurecer alguns encarregados de educação devido à exiguidade de vagas agora existente para os educandos que tencionam seguir cursos no ramo da saúde, as- sim como os preços cobrados para as mensalidades que se tornaram agora mais salgadas devido a um incremento observado nas duas últimas semanas.
A Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, tida então como uma das mais reputadas do país, é uma das ‘vítimas’ do pente fino que vai ocorrendo. Numa lista em que estão, igualmente, outras privadas em quase todo o território do país, que também estão impedidas de receber novos alunos em muitos cursos.
É, sim, verdade que o país precisa cada vez mais de quadros ligados ao sector da saúde, até para atender as necessidades surgidas com o desenvolvimento, crescimento e fortalecimento do próprio sistema nacional.
Porém, não deixa de ser igualmente verdade que, só com quadros verdadeiramente capazes, provenientes de universidades ou institutos superiores em condições e sérias, nos habilitarão a acreditar no que um dia estes aprenderam.
A entrega de um estetoscópio, bisturi ou um outro equipamento a um cidadão mal formado é por si só um atentado à vida dos pacientes, antes mesmo deste colocar as mãos naqueles que padecem de qualquer enfermidade. Por isso, a busca pela qualidade, mesmo com os dissabores actuais, deve ser aplaudida.