Os custos exorbitantes associados à produção de livros no país constitui uma preocupação não apenas dos autores, mas também para as editoras que avançam encontrar inúmeras dificuldades para massificar o mercado literário nacional por causa da subida constante e generalizada dos preços de bens e serviços.
Em declarações ao Jornal OPAÍS, algumas editoras da capital Luanda, avançaram que a produção de livros em Angola tornou-se mais difícil e desafiante nos últimos cinco anos do que nas últimas duas décadas, fruto do “penoso” momento económico e financeiro que o país vem atravessando há quase dez anos.
Segundo as instituições vocacionadas à produção de livros (quer sejam obras literárias ou não), para se ter publicada uma obra com cem exemplares de pelo menos 100 ou 150 páginas, os custos podem estar acima de um milhão de kwanzas, chegando até a atingir os cinco milhões de kwanzas, dependendo da qualidade do material a ser utilizado.
Lucas Cassule é director e fundador da editora ‘É Sobre Nós’, fundada em 2020, explica aos de- talhes o quão desafiante tem sido para a organização se manter no mercado nos últimos anos, face aos dispendiosos custos que acarretam os trabalhos de produção de livros em Luanda. De acordo com o responsável, para minimizar os gastos, a ‘É Sobre Nós’ tem optado por, tendencialmente, obras com pequenas tiragens (reduzido número de páginas e de exemplares) para poder equilibrar os custos e os benefícios.
“Temos tentado nos adaptar ao modelo do mercado, obviamente isso implica aumento dos preços por parte dos nossos serviços face aos custos e necessidades, o que vai ficando cada vez mais difícil para os autores e para os lei- tores. A edição fica mais cara e o livro final também”, explicou o editor e também escritor.
O mesmo entende que a situação económica que o país atravessa afectou todos os sectores, de forma generalizada, e a literatura não ficou de parte, sendo duramente impactada, sobretudo por ser um mercado pequeno (ainda) em crescimento e a matéria-prima, no caso o papel, tem de ser importada porque internamente não existem indústrias que o produzem.
Reconhecendo as carências e limitações do mercado interno, Lucas Cassule afirma que houve uma redução considerável da adesão do público aos livros, quer seja por parte dos leitores quantos dos próprios autores que diminuíram a frequência de publicação de suas obras por estarem sem condições financeiras, agravada ainda mais pela falta de financiamento.