O filme retrata a história de Nelson (personagem interpretada pelo actor Fernando Mailoge), um jovem de trinta anos de idade, desempregado e que vive na casa do pai sem se quer conseguir ajudar a colmatar as despesas de casa, dependente única e exclusivamente do esforço do seu progenitor para o sustentar.
Agastado com a condição do filho “kunanga” (designação atribuída a alguém de maior idade desempregado), o pai decide expulsar o filho de casa obrigando-o a arranjar maneira de sobreviver à sua própria custa. Frustrado e sem orientação, Nelson busca auxílio nos amigos que o influenciam a enveredar pelo caminho da delinquência, vendo no crime a forma mais rápida e “fácil” de garantir o seu sustento e dar asas aos seus anseios e vícios omissos.
De género comédia dramática, o filme, com a duração de 25 minutos, traz à tona a reflexão sobre o fenómeno “kunanga”, como uma condição que afecta maioritariamente a juventude, e que deve ser vista como um “câncer social” que, quando não combatido, corrói a sociedade levando muitos jovens a enveredarem pelos caminhos do crime, como considerou o realizador do filme.
“Nós produzimos este filme, na verdade, na tentativa de gerar um diálogo e debate na sociedade sobre este fenómeno que acaba por atingir todas as camadas da nossa sociedade, com maior incidência a juventude, que é a franja mais vulnerável para a inclinação ao mundo do crime”, explicou.
Marcos Ndombele entende que a falta de emprego é uma problemática que deve ser vista e discutida com precisão, não apenas pelas entidades governamentais, mas também pela sociedade em geral, permitindo que os jovens, que são os mais afectados, apesar das dificuldades, cultivem o hábito de optar pelo auto-emprego ou formas de ganhar a vida sem prejudicar outrem, preservando a sua dignidade como pessoa.
Sublinha que o desemprego, quando associado à falta de educação, orientação ou de direcção por parte de pessoas próximas e, agravada pelo anseio do “imediatismo”, leva os jovens a olharem para a delinquência como o caminho mais rápido para determinado fim pessoal, resultando no aumento do índice de criminalidade e desestruturando as famílias que são a célula base da sociedade
. “Quando um jovem é pressionado pelos pais ou pela sociedade em geral, por já ter mais de 22 anos e estar desempregado, a ser independente e a abandonar a casa dos pais, sem uma preparação prévia, ele acaba por ser um potencial criminoso porque não tem os passos básicos necessários para garantir a sua estabilidade emocional, material e social. São poucos que conseguem dar volta à situação e se manter íntegros optando por caminhos rectos”, defendeu. “Isto é válido tanto para meninas, quanto para rapazes, sendo que no caso das meninas a prostituição acaba por ser a porta mais apetecível para se entrar”, acrescentou.
Promoção do cinema nacional
A rubrica projecto “Angollywood Cinema Para Todos” é uma iniciativa da ShowBizness em parceria com a Fundação Arte e Cultura que procuram promover o cinema nacional, dando visibilidade aos trabalhos feitos por realizadores, fazendo com que as suas obras sejam vistas por um público diversificado.
Os filmes são exibidos regularmente duas vezes ao mês, sendo uma sessão com entrada grátis e outra com custos simbólicos, com a definição das faixas etárias permitidas em função da natureza e característica do filme a ser exibido.
“Objectivo do nosso serviço (Angollywood) é dar mais espaço aos realizadores angolanos, e mostrar aos fãs de cinema nacional e não só que é possível, num futuro próximo, termos uma indústria cinematográfica, disse António Milson Frederico, director do projecto. Reiterar que o filme será exibido a partir das 18h00, no Weza Anfiteatro, palco da Fundação Arte e Cultura, na Ilha de Luanda.