Num mundo regido por normas antiquadas, onde se destina um único mês e apenas um dia para a celebração das mulheres, em contraste com os restantes 364 dias e 11 meses que, por uma convenção implícita, parecem ser dominados pelos homens, surge uma necessidade urgente de repensar sobre justiça e igualdade de gênero.
Esta necessidade torna-se ainda mais premente quando consideramos a realidade específica das mulheres africanas, particularmente as da terra de Agostinho Neto, cujas lutas e conquistas são frequentemente ofuscadas ou subestimadas no cenário global.
O reconhecimento do 8 de março como Dia Internacional da Mulher, mais do que uma gentileza, é um lembrete poderoso da batalha constante das mulheres por reconhecimento, igualdade e justiça em todas as dimensões da sociedade.
Especialmente nesta nação do sudoeste africano, onde as mulheres têm desempenhado papéis cruciais não só como mantenedoras do tecido familiar, mas também como agentes de mudança econômica, social e política, esta data adquire uma ressonância profunda.
Celebrar as mulheres apenas num dia do ano parece minimizar as suas contribuições contínuas e essenciais para o avanço da sociedade, ciência, economia, arte e política no país.
Isto é especialmente relevante em um contexto onde as representantes femininas enfrentam desafios singulares, incluindo a superação de barreiras socioeconômicas e culturais, lutando contra a violência de gênero e buscando equidade no acesso à educação e oportunidades de emprego.
Expandir as celebrações e reconhecimentos do Dia da Mulher vai além de assinalar mais dias no calendário; é um compromisso para garantir que a igualdade de gênero seja uma realidade vivida, e não apenas um objetivo distante.
Para as mulheres desta região, isso significa promover políticas que não apenas combatam a discriminação e a violência, mas que também apoiem o seu empoderamento econômico, acesso à saúde e educação, e garantam a sua participação plena e equitativa em todas as esferas de decisão.
Ao invés de encarar o Dia Internacional da Mulher como uma mera formalidade, deve ser visto como um catalisador para a reflexão e ação contínua, impulsionando esforços para construir uma sociedade onde as mulheres sejam valorizadas e respeitadas igualmente todos os dias do ano.
A jornada em direção à igualdade de gênero é diária, especialmente nesta parte do mundo, e envolve o reconhecimento constante das contribuições femininas à nação, desafiando estereótipos, derrubando barreiras, e fomentando um ambiente onde a igualdade seja mais do que uma celebração anual, mas uma realidade entrelaçada na essência da vida cotidiana.”
Por: José Manuel Diogo