“Cokwe” ou “Tucokwe” é um dos grupos etnolinguístico de Angola, cuja língua principal é o “cokwe”. Este grupo, geograficamente, situase nas províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul e uma parte do Moxico. É um grupo etnolinguístico intercontinental, pode ser encontrado no Sudoeste da RDC e Noroeste da Zâmbia.
Em Angola, corresponde a 5,2% da população (INE, 2014). É um povo com cultura vasta, rico na agricultura e na ciência. Tamaro LB (1998-?), rap intelectual e activista político, na sua mixtape “Novo Azagaia,” na faixa com o título “Lunda Cokwe,” descreve, initidamente, a cultura do povo cokwe. Em alguns trechos, incorpora o sotaque da língua cokwe ao português.
A etnia é composta por várias aldeias.Dentre elas, destacamos a aldeia de “Sona” por ser o maior expoente na preservação e divulgação do património histórico-cultural, bem como, por salvaguardar sua riqueza numa vertente pedagógica. Em geral, o calendário do novo ano do povo Cokwe começa em Setembro e termina em Agosto.
No início de cada ano, realizam-se as festividades culturais, onde se fazem rituais espirituais, dando súplicas e oferendas a Nzambi Kalunga, para que haja prosperidade na colheita dos produtos agrícolas. Este acto é acompanhado de “Txiphwya” (pererinação) ao som do “Yakumbi” (música folclórica).
Tamaro LB explica que, nesta festividade, realizam-se, inclusive, o ritual de “Txikumbi” (preparação feminina para a vida conjugal e a vida social), assim como se faz a apresentação daqueles instruídos no ritual da “Mukanda” (preparação masculina).
A finalidade principal destas festividades é demonstrar como resgatar as práticas positivas das celebrações do povo cokwe, apresentando os “Mahamba” (entidade espiritual dos ancestrais), os efeitos do Rei Tchissengue ao povo.
Há, também, os “Tximbanda” e os “Mukixi”: o primeiro é entendido como médico tradicional, enquanto o segundo é uma entidade espiritual responsável pela resolução dos problemas sociais e da transmissão dos valores cívicos e morais do povo.
Ou seja, segundo Tamaro LB, é uma divindade que pode ser cultuada, por outra, digna de todo respeito. Por outro lado, o povo cokwe é muito hospedeiro, é quase impossível, nas suas festividades, não oferecerem aos visitantes “Mussengue” (caneca) com “Mathombe” (bebida cultural) e ver a demonstração de “Xombe” (dança feminina).
Os principais símbolos da cultura cokwe, descreve Tamaro LB, são a máscara “Kalalwa” que é o início e o fim do ritual em que é proibido a aproximação de mulheres, a máscara “Mwana Pwó” que representa a beleza e o encontro das mulheres cokwe e a estatueta “Samanhonga” (pensador), peça que mais atrai os turistas que visitam esta região.
Portanto, todos estes símbolos e rituais vislumbram do ambiente de boa convivência, porque são actos de comunicação e educação sobre crenças e hábitos que identificam o povo e, por fim, estes aspectos culturais são cantados na música “Lunda Cokwe” de Tamaro LB.
Por: ESTEFÂNIO JOSÉ CASSULE
*Professor e Estudante de Letras