A UNITA, maior partido na oposição em Angola, abriu no último Sábado, 24, em Cacuaco, Luanda, o seu ano político com um acto de massas. Na ocasião, o líder do partido, Adalberto Costa Júnior, não poupou críticas ao Executivo, liderado por João Lourenço, a quem atribuiu a culpa sobre a que considerou de pobreza extrema em que os angolanos se encontram
O líder da UNITA fez um discurso de improviso, centrado em três eixos, nomeadamente a necessidade da implementação com urgência das autarquias, o aviso de que o Grupo Parlamentar da UNITA não vai apoiar o MPLA para aprovação de um terceiro mandato do Presidente da República e a situação económica e social do país, que considerou de extrema pobreza.
Segundo Adalberto Costa Júnior, passados 22 anos após a morte de Jonas Savimbi, em combate, constata-se “com imensa preocupação o retroceder das conquistas alcançadas e os objectivos preconizados por ele e por todos os patriotas, nomeadamente a paz, a liberdade, a democracia e o desenvolvimento”. Para o partido do Galo Negro, Jonas Savimbi “colocou a pátria angolana em primeiro lugar e sem ela nada mais fazia sentido, tendo morrido por ela, no campo de honra, no dia 22 de Fevereiro de 2002”.
A UNITA pede aos angolanos que se mobilizem e “redobrem esforços para a tarefa histórica da defesa do Estado Democrático de Direito, para uma Angola plural, livre do medo, da pobreza e da corrupção”, por entender ainda que” Angola está a ser amordaçada pela suposta ditadura do MPLA”. Na ocasião, Adalberto Costa Junior defendeu urgência na implementação das autarquias, sustentando que, com elas, o país vai ter uma melhor gestão administrativa, as finanças públicas vão ser descentralizadas e haverá transparência governativa.
O líder da UNITA pediu à população para não se deixar enganar com a Nova Divisão Político-Administrativa, considerando que quem não consegue governar 164 municípios, pior ainda vai conseguir administrar o dobro. Adalberto Costa Júnior defendeu a necessidade de reformas profundas à Constituição da República de Angola, que contém, segundo disse, muitas irregularidades. Mas referiu que o seu Grupo Parlamentar “jamais” irá apoiar um terceiro mandato de João Lourenço.
Das irregularidades na Constituição da República, o político destacou o excesso de poderes do Presidente da República, a sua eleição, a fiscalização política e o controlo da Assembleia Nacional. No comício em que marcaram também presença os líderes das forças politicas que compõem a Frente Patriótica Unida (FPU), por sinal sem respaldo legal, Costa Júnior referiu-se igualmente à situação económica e social do país. Considerou que o recente aumento dos salários da função pública em cinco por cento é insignificante, porque, na sua óptica, não vai garantir o poder de compra da população. “Não há justificativa para a pobreza que vivemos hoje pelo facto do petróleo estar em alta”, disse, admitindo que a mudança vai acontecer, mas ninguém sabe o dia.
“Luanda está com a UNITA”
O secretário provincial da UNI- TA, em Luanda, descreveu o acto de massas realizado no Sábado, em Cacuaco, como demonstração de que Luanda está com a UNITA. Adriano Sapiñala, em breve declarações a OPAÍS, expressou eterna gratidão aos quadros do seu executivo em especial. “Ficou demonstrado mais uma vez que Luanda está com a UNITA, vamos continuar a trabalhar”, finalizou. O acto político realizado no município de Cacuaco, em Luanda, marcou a abertura do ano político do partido, bem como o 22º aniversário da morte do seu presidente fundador, Jonas Savimbi, que ocorreu a 22 de Fevereiro de 2002, no Leste de Angola.
POR: José Zangui