O presidente da Associação dos Produtores do Sal em Angola (APROSAL), Totas Garrido, sugere ao Governo que continue a agravar as taxas de importação de sal, por entender que a produção actual já satisfaz à demanda do consumo interno. Entretanto, a ministra das Pescas fala em equívoco e garante que “Angola já não importa sal”
Totas Garrido espera que o Executivo continue a agravar as taxas de importação de sal, a fim de que o país cative investidores para construção de salinas e, deste modo, aumentar ainda mais a produção nacional. O responsável da APROSAL louva o passo até aqui dado, consubstanciado, fundamentalmente, no agravamento de 10 por cento na taxa de importação. Nesta perspectiva, Garrido projecta, para 2027, uma produção de 500 mil toneladas, enquanto espera chegar às 230 mil toneladas no presente ano de 2024.
“E o Governo está alinhado nesta política, e acho que por causa disso é que nós tivemos, agora na nova Pauta Aduaneira, um agravamento de 10 por cento na importação de sal. Este é o caminho, nós temos de agravar a importação de sal para podermos cativar os investidores”, sugere. Apesar da desvalorização acentuada da produção, ocorrida em 2023, na ordem de quase 100 por cento, o responsável considera que, pelos indicadores, Angola vai conseguir atingir as cifras a que se propôs para o presente ano.
Totas Garrido sustenta que a desvalorização da moeda não afectou o preço do sal, que se manteve intacto. Para o salineiro, enquanto os fornecedores de insumos não subirem, os preços vão continuar em baixa. “Com o aumento desses custos, o preço do sal tende a subir, mas estável, em termos de produção. Nós conseguimos o ano passado fazer a entrega em grande à indústria petrolífera, que recebeu com muito bom grado o nosso sal, o que prova que temos qualidade suficiente para abastecer esse segmento”, disse.
“Já não se importa há dois anos”
Porém, a ministra das Pescas e dos Recursos Marinhos, Carmen do Sacramento Neto, contraria a afirmação da suposta importação, e esclarece que, actualmente, não existe a importação de sal como tal. A governante justifica que o que tem ocorrido “é a importação de produtos do sal”, que o país ainda não produz. “É uma questão de actualização com a APROSAL. É nossa parceira e tem seguido o que nós temos feito. Houve, há dois anos, uma importação, mas eles ainda, se calhar, referem a essa importação, que foi à margem. Mas, hoje em dia, isso já não acontece, e também tive a grata informação de que até quem importou há dois já cá está à procura da compra do sal dos produtores nacionais. Portanto, a APROSAL pode confirmar com vocês, já não há esse tipo de importação de sal”, assegura.
E, acto contínuo, as Pescas diz estar a sensibilizar os produtores para uma forte aposta na qualidade de sal produzido. “Nós estamos a trabalhar com os salineiros para que possam fazer sal com uma pureza de quase 100 por cento, que permite que se faça sal que pode ser usado em subprodutos, como, por exemplo, as pastilhas de sal, que são usadas nas maquinarias das cervejarias, são usadas do ponto de vista da saúde para hemodiálise, para lavar as máquinas”, desafia. Feito isso, sustenta a titular das Pescas, a perspectiva do sector é a de que a suficiência, em termos de segurança alimentar, quer para o consumo humano, quer para o consumo animal, consiga cumprir as metas preconizadas anualmente no quadro do Plano de Desenvolvimento das Pescas.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela