À guisa de prólogo, devo dizer que, toda história comporta sempre dois lados ou versões. E parece que desde há muito que a história sobre o desenvolvimento do continente Africano e, sobretudo do seu contributo para o desenvolvimento do mundo em si, sempre foi ouvida numa única versão(A versão Europeia).
Buscou- se mais ouvir aquilo que nos foi incutida numa primeria instância, atendendo o contexto em que África ainda estava; a de renascimento.
Atualmente, não constitui uma tarefa dificil para se puder compreender aquilo que foi o contributo de África no desenvolvimento do mundo.
E para o efeito, é necessário nos socorrermos um poucochinho no retrocesso da história e analisá-la numa perspectiva mais ampla e justa englobando assim as duas versões que comportam uma história, e estas duas perspectivas podem ser: 1- África antes da Chegada dos Europeus 2- A Europa após a sua sáida de África 1- África antes da Chegada dos Europeus: Antes da chegada dos Europeus,a história de África era marcada por uma riqueza de civilizações,culturas e realizações que muitas vezes são subestimadas ou negligenciadas.
Existiam grandes civilizações africanas como o Reino de Axum na Etiópia e os impérios do Mali,Gana, e Songhai no Oeste Africano, floresceram. Estas sociedades eram centros de comércio, cultura e aprendizado.
Alguns dos impérios mais notáveis incluíam Mali, Songhai e Axum que eram governados por líderes centralizados, esses impérios tinham sistemas administrativos eficazes que facilitavam o comércio, a justiça e a boa governança.
Muitas comunidades africanas tinham estruturas políticas descentralizadas, onde várias aldeias ou grupos étnicos mantinham uma autonomia relativa.
Conselhos de anciãos e chefes locais frequentemente desempenhavam papeis importantes na tomada de decisões. A organização social muitas vezes era baseada em estruturas de clãs e familias.
A lealdade e a identidade frequentemente derivavam da aliação a um clã especificos. Alguns grupos étnicos Áfricanos tinham sistemas de idade, onde os membros da comunidade eram agrupados com base em faixas étarias. Cada grupo tinha responsabilidades especificas e desempenhava papéis importantes na sociedade.
Os sistemas judiciais eram comuns, muitas vezes presididos por anciãos ou líderes comunitários. A justiça era frequentemente restaurativa, visando a reconciliação e a resolução de conflitos.
Muitas sociedades africanas operavam com base em leis consuetudinárias, transmitidas oralmente ao longo das gerações. Essas leis refletiam valores culturais e normas sociais.
A tomada de decisões envolvia a participação coletiva da comunidade, as decisões importantes eram deliberadas em conselhos, onde a voz de todos era considerada.
Estes sistemas politicos e sociais refletem a diversidade e a complexidade das comunidades africanas antes da chegada dos Europeus.
Cada uma dessas estruturas desempenhou um papel vital na organização e liderança das comunidades, contribuindo para a riqueza da herança Africana.
Agricultura e Tecnologia: Em regiões propensas à seca, comunidades africanas desenvolveram elaborados sistemas de irrigação para maximizar a produção agrícola.
Estes sistemas eram frequentemente baseados em canais reservatórios. Muitos dos agricultores africanos cultivavam uma variedade de culturas adaptadas às condições climáticas locais.
Grãos como milho, sorgo e arroz eram comuns, assim como a culturas de raízes e tubérculos. Algumas comunidades africanas praticavam a agrofloresta, integrando árvores frutíferas e outras plantas úteis nas áreas agrícolas. Isso promovia a sustentabilidade e a diversidade de produtos.
Muitas sociedades africanas também eram hábeis em metalurgia, produzindo ferramentas, armas e ornamentos de alta qualidade. A extração e manipulação de ferro eram práticas bem desenvolvidas.
A tecelagem era uma habilidade difundida, com a produção de tecidos coloridos e intricados. Tecidos africanos eram valorizados no comércio internacional.
Em áreas propensas à escassez de água, técnicas inovadoras, como a construção de terraços e barragens, eram empregadas para conservar a água e garantir uma irrigação eficiente.
A agricultura e a tecnologia nas sociedades pré-colonais eram testemunho da engenhosidade e da capacidade de adaptação dessas comunidades.
Essas práticas não apenas sustentavam a subsistência, mas também contribuíam para a riqueza cultural e econômica do próprio continente.
2-A Europa após a sua saída de África A chegada dos europeus à África teve impactos significativos e multifacetados no continente, analisaremos as principais consequencias desse período: Colonização e Partilha da África:
Entre 1884 e 1885, a conferência de berlim foi realizada entre as potências europeias para deliberar sobre a partilha da África.
Durante essa conferência e em tratados subsequentes, as fronteiras do continente foram desenhadas sem considerar as realidades étnicas e culturais ou geográficas africanas que antes existiam.
As principais potências coloniais incluindo Grã-betanha, França,Alemanha, Bélgica, Portugal e italia, ocuparam vastas áreas da África. As colônias foram estabelecidas com objetivos bem delineados, que são na sua maioria econômicos, como a exploração de recursos naturais, o estabelecimento de plantações e a promoção do comércio.
A partilha da áfrica teve um impacto profundo nas comunidades locais. Muitas vezes, grupos étnicos foram divididos entre diferentes colônias, o que provocou tensões e conflitos étnicos internos na época e naõ só.
Os colonizadores exploraram intensivamente os recursos naturais africanos, incluindo ouro, diamantes, marfim e produtos agrícolas. Essa exploração levou ao enriquecimento e beneficios das metrópoles europeias, enquanto as comunidades locais enfrentaram a sensação da exploração e a expropriação.
Em muitas colónias, foram estabelecidas plantações para a produção de culturas como café, cacau e borracha.
O trabalho nas plantações frequentemente envolvia práticas coercitivas e sistemas de trabalho forçados, vale salientar que, instituições politicas, econômicas e legais europeias foram impostas às colônias africanas, isso inclui sistemas administrativos centralizados, leis coloniais e modelos econômicos que frequentemente beneficiavam só aos colonizadores até então.
A exploração dos recursos naturais em África teve impactos significativos nas economias internacionais, tanto positivos quanto negativos.
Esses impactos refletem não apenas as oportunidades econômicas, mas também os desafios enfrentados pelo continente.
A vasta riqueza de recursos em África, incluindo petróleo,gás, minerais e terras férteis, desempenhou um papel vital no suprimento global desses elementos.
A exportação massiva desses recursos contribuiu substancialmente para o crescimento econômico de países europeus e forneceu matérias primas essenciais para as indústrias em todo o mundo.
É evidente que África ainda continua na sua fase de reivenção e equilibrio, buscando superar sequelas deixadas pelos seus colonos, a maior parte dos países do globo que dela se aproveitaram já se encontram com metade do caminho andado.
De forma ingrata e paradoxal, ouve-se narrativas de que a África é um dos continentes que menos contribuiu para o desenvolvimento do mundo, ao longo dos anos, diversos mitos e ideias preconcebidas têm obscurecido a verdadeira contribuição de África para o desenvolvimento global. Mito1:
África é apenas um continente de recursos inexplorados Mito:2: África é historicamente atrasada Mito3:
Á áfrica é dependente de ajuda extena Mito4: Africa não contribui significativamente para a ciência e tecnologia. No meio de muitas, estas são algumas principais inverdades que se conta a respeito do continente africano.
Desfazer mitos sobre a África é essencial para uma compreensão mais justa e equilibrada do papel desse continente no desenvolvimento global.
Reconhecer a riqueza das suas contribuições históricas e contemporâneas é crucial para promover uma narrativa mais precisa e promover a cooperação internacional baseada no respeito mútuo.
O futuro do desenvolvimento mundial deve incluir uma valorização genuína do potencial e da adversidade que a África já ofereceu e continua oferecendo.
Por: Afonso Botáz