A quinta edição do Festival Internacional de Curta-Metragem da Kianda (FESCKIANDA), que decorre no Instituto Guimarães Rosa, na baixa de Luanda, está a ser marcado pela abrangência e transversalidade das actividades a serem realizadas
O final de semana, por exemplo, ficou assinalado com a abertura de um cinema transversal a todas as idades, destacando-se a exibição de filmes infantis que dominaram o espectáculo permitindo que mais de 50 crianças tivessem acesso a curtas-metragens com conteúdos atractivos e educativos.
Foram exibidos, segundo a organização, três filmes infantis, sendo dois de autoria brasileira e um de autoria angolana.
Trata-se, respectivamente, das curtas-metragens “O Dudu e o Lápis” do realizador brasileiro Miguel Rodriguez, “Artur e o Infinito” da realizadora, também brasileira, Júlia Rufino e “Porquê” do realizador angolano Nuno Barreto.
Para o director do festival, Vânio de Almeida, a exibição dos filmes infantis tem por objectivo promover e valorizar os trabalhos cinematográficos feitos por angolanos e não só, assim como despertar no seio das crianças o gosto pelo cinema, permitindo que estes possam aprender através das peças exibidas.
Por outro lado, frisou ainda que a sessão “Especial Cinema Infantil” visa também tornar o festival inclusivo para crianças, adolescentes e para as famílias em geral, fazendo com que os pais possam estar acompanhados dos seus filhos e estes poderem desfrutar também do evento.
Considerou que a sessão infantil acaba por ser uma componente importante do festival, “uma vez que ela vai permitir que as crianças despertem o interesse pelas artes cénicas e, quiçá, aproximá-las ao mundo do cinema e despertar o sonho de muitas delas que gostariam de ser actores e actrizes quando crescerem”.
Abel Couto regozijado pela distinção
Em gesto de reconhecimento pelo seu importante contributo em prol do cinema nacional, o realizador e cineasta Abel Couto foi distinguido, na última Quintafeira,18, na abertura do festival com um quadro de honra e prémio simbólico numa sessão de homenagem promovida pela organização do evento.
Regozijado pelo acto, o experiente realizador agradeceu à iniciativa e sublinhou estar surpreendido com tamanho reconhecimento, sendo o primeiro ao longo dos mais de 40 de carreira cinematográfica.
Couto disse que as homenagens são, acima de tudo, um gesto de respeito e impulsionador do trabalho do artista, por isso considerou que elas devem ser feitas enquanto o homenageado ainda estiver em vida para que este tenha o prazer de ver o seu esforço a ser reconhecido.
Apesar da longa estrada já percorrida no mundo do cinema, Couto considera que ainda não fez o suficiente para o engrandecimento do cinema nacional e que, enquanto estiver em vida e tiver forças, continuará a dar o seu melhor para alavancar o mercado nacional.
“Quando me ligaram a dizer que seria homenageado, eu achei estranho e disse para mim mesmo ‘como vão homenagear alguém que fez tão pouco?’.
Quando eu olho para os anos de carreira, sinto que ainda não fiz quase nada pelo cinema nacional, mas pretendo fazer muito e muito mais”, assegurou.
A entrega dos objectos simbólicos ao homenageado coube ao também realizador Asdrúbal Rebelo, que entregou o quadro de honra, e à actriz e empreendedora cultural Isabel André, que fez a entrega da peça artesanal e do quadro fotográfico criativo com o rosto de Abel Couto.
Outros atractivos
O festival está a ser marcado com a presença de vários actores, dirigentes artísticos, realizadores e produtores cinematográficos, associações e organizações culturais, com destaque para o presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT), Tony Frampénio, o actor e realizador Eduardo Kialanda “Talibã”, entre outras figuras ligadas ao cinema nacional.
Destaca-se também a presença de uma exposição fotográfica criativa do jovem artista Sousa Proibido.
Uma amostra composta por pouco menos de 10 quadros com fotografia que radiografam os potenciais turísticos da cidade capital, em particular a zona da baixa como a Baía, a Ilha do Cabo, a Praia do Bispo, e arredores.
A presente edição do Fesc-Kianda está a ser realizada no âmbito das celebrações do 448º aniversário da cidade capital, estando a concorrer 36 curtas-metragens que retratam diversos aspectos da realidade das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).