Nos próximos dias, a proposta de alteração da divisão político- administrativa deverá dar entrada na Assembleia Nacional. Angola, nos próximos tempos, terá mais municípios. Sairemos dos actuais 156 para mais de 500, uma cifra que vai assustando alguns cidadãos. Ontem, por exemplo, num debate com amigos o assunto esteve à mesa. Alguns deles se perguntam sobre as intenções do Executivo e a necessidade premente de se esticar para mais municípios, quando os existentes ainda enfrentam inúmeros problemas.
O que parece novidade para muitos, na verdade começou a ser discutido e defendido há vários anos. Lembro-me de muitos escritos do Dr. João Seródio, então secretário do Ambiente, que já narrava feitos do que poderia acontecer na província do Alto Zambeze. Na altura, nem sequer se cogitava que pudesse surgir uma proposta como tal e muito menos que o Executivo estimulasse tal discussão como agora se apresenta. É que a extensão territorial do Moxico, por exemplo, permitiria a qualquer um sonhar um dia que se avançasse para uma divisão.
Pode-se não concordar com a alteração que venha a ocorrer em algumas regiões, mas noutras parece existir um quase consenso de que se deve, sim, criar outras províncias devido à extensão territorial que há, como são os casos do Moxico e Cuando Cubango. A primeira vez que estive no Cuando Cubango pude perceber a dimensão do território existente. Entre Menongue, Savate, Caiundo e Katuite pude ter noção daquilo que suponha ser a província no seu todo.
Acredito que possam existir outras soluções, inclusive quem aponte medidas que eles conheçam. Mas não deve ser coisa fácil gerir determinadas províncias que o país possui, entre as quais o Cuando Cubango. Creio que não será um debate fácil quando a proposta de nova divisão político- administrativa chegar ao Parlamento. Mas o bom senso indica que há, sim, razões para se poder avançar. Não é um assunto destes tempos, porque há muito que já defendia a ideia de fazer de Angola um território com mais municípios.