Oito dos principais líderes da oposição da República Democrática do Congo (RDC) exigiram hoje a anulação das eleições gerais de 20 de Dezembro, depois da anulação de 82 candidaturas municipais e legislativas por fraude.
A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) do país anunciou na sexta-feira a anulação das 82 candidaturas – entre as quais, por exemplo, a do governador de Kinshasa, Gentiny Ngobila – depois de concluir que havia indícios de terem “cometido fraude, incitado à violência eleitoral” ou mesmo “sequestrado máquinas de votação”.
Os resultados das eleições foram adiados indefinidamente.
No que diz respeito às eleições presidenciais, a comissão eleitoral validou a vitória do actual Presidente, Félix Tshisekedi, embora o Tribunal Constitucional vá analisar, na segunda-feira, duas queixas.
Uma das queixas foi apresentada pelo candidato da oposição, Théodore Ngoy, que alegou graves irregularidades no processo eleitoral, e a outra partiu de um particular chamado David Mpala, que não tornou público o motivo do seu apelo.
Os candidatos exigiram a anulação total das eleições porque, na opinião de um dos líderes da oposição, Martin Fayulu, “uma simples análise da lista de candidaturas canceladas mostra que a fraude tem estado presente em todo o território nacional”.
Os candidatos também manifestaram surpresa pelo facto de a comissão eleitoral só ter declarado fraude nas eleições legislativas e municipais quando todas as votações foram reunidas num só escrutínio.
Por outro lado, o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou que os dias que se seguiram às eleições foram marcados pelo “aumento do discurso de ódio e de carácter étnico” no país, particularmente nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
“A retórica de ódio é abominável e só aprofunda a tensão e a violência na própria República Democrática do Congo, além de colocar em risco a segurança regional”, disse Türk, em comunicado.