Conhecida como Eco Escola, um projecto social da JOBAB, situada na comunidade da Gamek, no Morro Bento, tem capacidade para albergar 150 alunos e lecciona da 1.ª a 6.ª classe. Com o objectivo de acolher as crianças que estão fora do sistema de ensino, por falta de condições financeiras dos seus encarregados de educação, as propinas são pagas com a entrega de resíduos sólidos (50 kg de garrafas de plástico ou 100 kg de papelão)
Criada em Janeiro de 2018, a escola começou como uma explicação do bairro, tendo depois surgido a necessidade de se estender, uma vez que o número de crianças fora do sistema de ensino aumentava porque os pais não tinham condições financeiras para pagar as despesas dos educandos.
De acordo com a coordenadora geral da JOBAB, Areadine Rebeca Manuel, esta é uma organização filantrópica que desenvolve vários projectos com foco para o desenvolvimento comunitário, promovendo a educação ambiental por via da recolha e gestão de resíduos sólidos. A Eco Escola é um dos projectos da JOBAB, situada na comunidade da Gamek, no Morro Bento, e tem a capacidade para albergar 150 alunos. Neste momento, está com 124 alunos matriculados, dos 5 aos 15 anos de idade. A escola comporta quatro salas, onde as aulas, da 1.ª a 6.ª classe, são leccionadas por 36 colaboradores, entre professores, administrativos e outros.
Os encarregados de educação não pagam as propinas com dinheiro, mas com a entrega de resíduos sólidos, preferencialmente garrafas de plástico e papelão, desde 2021. Os encarregados de educação devem pagar com 50 quilos de garrafas de plástico ou 100 quilos de papelão. Com a recolha feita mensalmente, conseguem ter um registo aproximado de 10 toneladas de papelão e 18 toneladas de garrafas plásticas, e levam para a reciclagem cerca de 30 toneladas de resíduos sólidos por mês. “Alguns pais têm mais de duas crianças.
A estes solicitamos uma quantidade equilibrada, e conseguem cobrir. A instituição funciona como uma escola normal do ensino primário, mas foram implementados alguns programas que se consideram importantes para o contexto actual, como a disciplina de inglês, educação ambiental, entre outras”, disse. Essencialmente, pedem plásticos Pet, das garrafas de água e de refrigerantes, e papelões.
Decidiram eleger estes dois tipos de resíduos porque não são muito valorizados e aparecem com facilidade nas ruas de Luanda. Por estarem localizados nas imediações do mercado do Catinton, onde há muitos armazéns que diariamente descartam muitos papelões e outros resíduos, isto não tem sido uma missão impossível para os encarregados de educação. Os resíduos sólidos que recebem dos encarregados são depois encaminhados para as empresas de reciclagem, em Viana e Cazenga, que fazem o pagamento em dinheiro, o que ajuda a manter a sustentabilidade financeira da instituição.
As garrafas e papelões não são suficientes
Apesar dos resíduos solicitados aos encarregados, a entrevistada disse que não tem sido suficiente para cobrir todas as despesas da escola, pelo que existem sempre preocupações que acabam por ficar em segundo plano. É assim que a Coca-Cola e a Refriango realizaram recentemente uma doação, com a entrega de materiais diversos à JOBAB, no âmbito da campanha All Hearts, que promove doações à ONG.
A Eco Escola foi uma das seleccionadas por conta também do compromisso global da Coca-Cola em fazer a diferença nas localidades onde opera, tendo como preocupação a gestão dos resíduos sólidos e a sua reciclagem. Entre os bens doados constam um computador, uma impressora e router de Internet, para facilitar o processo de ensino e aprendizagem das crianças da Eco Escola, bem como materiais de biossegurança (luvas, botas, uniformes), materiais de construção (pás, carros de mão), que ajudarão no pro- cesso de recolha e tratamento dos resíduos sólidos. Areadine Rebeca Manuel manifestou satisfação por esta doação, uma vez que, disse, vai ajudar muito a dar continuidade, com dinamismo, aos trabalhos que desenvolvem.
Além da escola ecológica, a JOBAB possuí também projectos de recolha e gestão de resíduos sólidos, tanto em pontos de recolha da organização, quanto em sistema de recolha porta-a-porta, bem como uma mercearia de nome “Busara”, que funciona como uma Ecotanda (onde a compra é efectua- da também com resíduos sólidos depositados na loja e não com dinheiro). Para finalizar, importa dizer que desde 2019 que a Eco Escola se tornou numa escola comunitária por intermédio de uma parceria com a associação das escolas comunitárias que tem protocolo com Ministério da Educação. Os alunos têm um documento oficial quando terminam o ano lectivo, têm direito a um certificado do ensino primário, com o qual ficam habilitados a se inscreverem numa outra escola pública ou privada.