A leitura é, grosso modo, um processo de compreensão de mundo que envolve características essenciais singulares do homem, levando a sua capacidade simbólica e de interacção com outra palavra de mediação marcada no contexto cultural, histórico e social.
Ademais, a leitura é um processo desencadeado por meio de informações armazenadas num suporte e transmitidas mediante determinados códigos.
Ler não é, pois, decodificar, traduzir, repetir sentidos dados como prontos; é construir uma sequência de sentidos a partir dos índices que o sentido do autor quis dar a seu texto.
Neste âmbito: A leitura é um acto social, entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem entre si, obedecendo a objectivos e necessidades socialmente determinados.
Portanto, a leitura deve ser entendida como o resultado de sentido, pois o texto é o resultado de um trabalho anterior do autor e chega até ao leitor, convidando e desafiando a sua importância da leitura. (Kleiman, 1989, p. 10) Da mesma forma que há uma grande diversidade de textos, existem diferentes tipos de leitura.
Ei-las: •Leitura literal: é aquela que se realiza ao pé da letra, isto é, quando o texto é lido sem se fazer nenhum comentário, acréscimos ou explicações sobre o conteúdo.
•Leitura mecânica: ocorre de forma involuntária e automática, sem entender, compreender ou tomar atenção real à leitura. • Leitura rápida: surge quando se pretende ler um livro ou artigo antes de uma avaliação, para obter as principais ideias em pouco tempo, ignorando o resto do texto.
• Leitura recreativa: realiza-se com o único propósito de gozo ou entretenimento, permitindo que os leitores experimentem mundos diferentes em sua imaginação. • Leitura crítica: desenvolve-se através do confronto de ideias entre o leitor e o autor.
• Leitura reflexiva: é caracterizada por momentos de apreensão do conteúdo do texto e momentos de pausa na leitura para reflexão do que se leu.
•Leitura cerrada ou atenta: é aquela em que o seu traço mais fundamental remete para uma atenção extrema aos potenciais de significação do texto em todas as A leitura como um processo de investigação: exige do leitor uma boa selecção de informações pertinentes e confiáveis para o cumprimento dos seus objectivos, envolvendo a formulação de perguntas e a construção dos saberes.
A leitura deve, enquanto supor-te de investigação, dar conta da sua amplitude, devendo ser levada a cabo por meio da ingerência e da relação activa do sujeito, requerendo deste uma cooperação heurística e hermenêutica atenciosamente, reflexiva e dinâmica.
Ora, o processo da descoberta, na leitura, não se dá em um objecto inerte, na medida em que um texto só existe quando é transformado em realidade, por meio de um acto no qual o sujeito tem um papel activo, devendo construir e não apenas receber um significado global para o texto.
Por conseguinte, uma leitura não tem origem na intenção do leitor de interpretar o texto de uma dada maneira, mas está inscrita no texto como virtualidade, como possibilidade, pois há textos que possibilitam mais de uma leitura.
Deste modo, a múltipla possibilidade de leitura do texto pode ser usada intencionalmente pelo enunciador para que o seu texto atinja o resultado que ele tem em mente, não tão-somente decifrando o código escrito; mas, a partir dele, discutindo-o, contestando-o ou aceitando, construindo um pensamento próprio.
Por: Feliciano Antóniode Castro
*Escritor