Ainda refém da produção petrolífera, que pesa mais de 90% na sua balança de exportação. Economista entende que Angola não tem motivos para se preocupar em relação as oscilações no preço do barril de Brent e que deve aproveitar o contexto internacional para diversificar a economia
Apesar das quedas que vem registando nas últimas semanas, o preço do barril de petróleo está dentro das previsões do Executivo, que fixou como referência, no Orçamento Geral de Estado (OGE), o valor de USD 75. Em todo o caso, as perdas são acentuadas e exigem alguma atenção, sobretudo no que diz respeito à aceleração do processo de diversificação económica, cujo suporte são as receitas provenientes do sector petrolífero.
A título de exemplo, o barril de Brent, que serve de referência para as exportações angolanas, atingiu um valor máximo, a 28 de Setembro do ano em curso, de USD 97 e 69 cêntimos, valor mais alto dos últimos meses e muito próximo dos três dígitos. De lá para cá, a matéria-prima mais procurada no mundo já desvalorizou cerca de USD 9 e 81 cêntimos, ao ser vendido, ontem, por USD 87 e 88 cêntimos. De forma paulatina, o Brent para entrega em Dezembro vai somando perdas, mas nada que possa atrapalhar as contas de Angola, tão pouco adiar a realização de projectos sociais inscritos no OGE deste ano.
Perante o actual quadro, o economista Israel Ábias entende que “o país pode continuar a produzir e vender petróleo na mesma dinâmica, uma vez que as oscilações não estão abaixo do previsto no OGE”, diz. Em todo o caso, refere que “é preciso ficarmos atentos aos conflitos mundiais que acabam por impactar no mercado petrolífero. “É verdade que o consumo de petróleo aumentou nos últimos meses por via do comportamento de outras variáveis, permitindo maior arrecadação de receitas para o Estado, mas precisamos analisar bem essas variáveis”, acautelou.
Quanto à diversificação que pode livrar o país da dependência do petróleo, que persiste ano após ano, é de opinião que devem ser aproveitadas as oportunidades que surgem no contexto internacional, ser-se mais pragmático e apostar forte nas infra- estruturas. “A produção nacional pode e tar a crescer, mas é preciso apostar-se mais nas infraestruturas estruturantes e que impactam na economia, assim como na formação do homem”, disse.