Com duas, três ou quatro rodas, andar de motorizada tem sido um exercício perigoso para muitas pessoas e, em muitos casos, tem contribuído para o aumento do número de acidentes. Dados compulsados de três províncias, Malanje, Luanda e Benguela apontam para 2.755 acidentes de viação envolvendo motorizadas, com perto de 200 mortes
São inúmeros os relatos de acidentes rodoviários, envolvendo mototaxistas, que terminam com saldo de feridos e mortos.
Ao nível do país, e, particularmente, em Luanda, os cidadãos são forçados a testemunhar cenários trágicos de pessoas ensanguentadas e estateladas no chão a esvair a vida.
O sangue destes homens e mulheres de diferentes faixas etárias, derramado por actos considerados negligentes, mancham as estradas de ruas e avenidas.
As imagens e vídeos chocantes destes episódios reais são veiculados nas redes sociais, e ferem a sensibilidades de internautas que reagem com tristeza.
As causas são atiradas à falta de respeito ao Código de Estrada por parte de motoqueiros, que desprezam as normas desse instrumento regulador por ignorância, em alguns casos, e, noutros, por incúria motivada pela falta de fiscalização por parte dos agentes regulador de trânsito, que apenas olham inactivos.
O comandante de Trânsito e Segurança Rodoviária de Luanda, intendente Manuel Salazo, avançou, em exclusivo ao jornal OPAÍS, que 134 pessoas morreram e 368 ficaram feridas, em consequência de 768 acidentes rodoviários ocorridos com envolvência de motociclos, durante o primeiro semestre desse ano.
O oficial superior da Polícia Nacional esclareceu que os dados dos feridos se referem aos graves, dos quais muitos chegaram a perder a vida, nas diferentes unidades hospitalares instaladas na capital do país.
Enquanto isso, 357 foram socorridos com ferimentos leves. “Desde o período de 1 de Janeiro até 30 de Junho, que corresponde ao primeiro semestre, o Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária de Luanda registou um total de 768 acidentes envolvendo motociclos.
Estes resultaram em 134 mortos e 368 feridos”, revelou, acrescentando que a maioria são mototaxistas com idades compreendidas entre 17 e 35 anos.
O número poderá aumentar no segundo semestre
Apesar de ainda não estar feito o balanço relacionado com o segundo semestre, o intendente acredita, com base nos indícios, que os dados desta parte final do ano poderão ser igual ou superior aos de Janeiro a Junho.
Por isso, justificou a necessidade de o Governo Provincial de Luanda (GPL) insistir na criação de normas que concorrem para a regularização da actividade de mototaxi, no sentido de, com as medidas, se conseguir reduzir os acidentes.
“Todos os dias temos tido acidentes, envolvendo motociclos. Temos uma média, todos os dias, de dois a cinco acidentes. Isso tornou-se um problema nacional. Há necessidade de juntarmos sinergias de todas as esferas da sociedade”, apelou.
Para Manuel Salazo, a falta de formação dos mototaxistas está na base do crescente número de acidentes rodoviários, considerando o facto de a maioria dos mototaxistas terem saído do interior do país, onde muitos sequer aprenderam a ler e a escrever.
“Eles têm a facilidade de conseguir estas motos e põem-se logo na via, sem ter em atenção o Código de Estrada e à cilindragem da motorizada.
Não sabem quase nada e põem-se na estrada”, alertou, acrescentando que outro facto é a condução à noite sem iluminação no meio.
Segundo o intendente Manuel Salazo, a maior parte destes acidentes ocorreram, na Estrada Nacional 100 Sul e Norte, na 230, e na 110, arredores da Funda, no município de Cacuaco.
No casco urbano, os incidentes têm tido lugar, principalmente, nas avenidas 21 de Janeiro, Deolinda Rodrigues, Fidel de Castro Ruz, Pedro de Castro Van Dúnem ‘Loy’, Hoji-ya-Henda, Ngola Kiluanji e na Samora Machel, interior de Talatona, bem como na Luther Rescova, entre a Rotunda da Fubu e Luanda Sul.
A estrada direita da Samba, daeCamama, do Calumbo, do 11 de Novembro, do Patriota, Sequele e da 5ª Avenida, também fazem parte dos pontos negros.
Na mesma senda, dados da Polícia em Malanje dão conta da morte de 48 pessoas, de um total de 1800 acidentes de viação, envolvendo motorizadas, de Janeiro a Junho do corrente ano.