O Governo angolano deve garantir a disponibilidade de 9,7 milhões de toneladas de alimentos de produção nacional, até 2027, para assegurar a autossuficiência alimentar
Este passo, segundo o Estudo para o Desenvolvimento de Fileiras Produtivas Essenciais feito pela Deloitte, no âmbito da “Carrinho 2023 Insights”, deve ser dado no sentido de eliminar situações de insegurança alimentar que carecem de uma intervenção urgente.
O sector agrícola, actualmente numa fase embrionária, carece de uma forte dependência do mercado internacional, deste modo, segundo a consultora, os produtores serão obrigados a ter um crescimento médio anual da produção de 12,8% (em contraste com os actuais 5,4%).
Entretanto, a Deloitte aponta que o Grupo Carrinho, com ambições industriais e comerciais, tenciona envolver dois milhões de produtores no seu programa de fomento, abrangendo várias culturas agrícolas. Com a sua assistência técnica, o relatório aponta que pode resultar em um aumento de 168% na produção das seis províncias onde actua.
Com uma produção estimada de 8 milhões e 530 mil toneladas anuais, ela será dividida em 2 milhões de hectares em produtores familiares (agricultura familiar) e 200 mil hectares em fazendas de larga escala.
importante realçar que a contribuição da Carrinho tem maior impacto nas fileiras de feijão, trigo e milho, com a produção estimada correspondendo a 41% da produção nacional das cinco fileiras até 2030.
O estudo da Deloitte aponta que o aumento da produção agrícola tem implicações positivas no rendimento das famílias, sugerindo um aumento de até 278%. As fileiras do feijão e do trigo são as mais beneficiadas, e isso poderia elevar o rendimento médio diário das famílias de 463 Kwanzas para 1.756, proporcionando maior segurança financeira.
No entanto, a consultora sublinha que o sector agrícola angolano enfrenta desafios, incluindo a falta de acesso ao financiamento.
Seguro agrícola
Os seguros agrícolas estão em crescimento, oferecendo segurança financeira a vários projectos, mas ainda enfrentam barreiras à adopção.
Para a Deloitte, parcerias internacionais de resseguro são cruciais para mitigar os riscos associados ao clima tropical que interferem de alguma forma na produção.
“A tecnologia também desempenha um papel vital na transformação do sector agrícolas, com drones e satélites fornecendo dados precisos para apólices de seguro personalizadas e aumentando a eficiência das colheitas”, lê-se no documento.
A produção agrícola nacional registou um crescimento médio anual de 5,4%, entre 2017 e 2021, mas a persistente seca severa afectou a safra 2020/2021, causando uma diminuição nos volumes produzidos.
Além disso, o crescimento do consumo alimentar (1,6% ao ano) não acompanha o ritmo do aumento populacional, agravando a insegurança alimentar.
Por: Francisca Parente